A erudição moderna é da opinião de que o batismo infantil não foi uma prática dos apóstolos. Esta opinião tem sido seguida por muitos teólogos pedobatistas. O batismo de infantes teria sua origem nos filhos de cristãos que corriam risco de vida. O estudioso luterano pedobatista H.A.W. Meyer diz:
«O batismo dos filhos de cristãos, do qual nenhum vestígio é encontrado no N.T, não deve ser considerado uma ordenança apostólica, pois, na verdade, encontrou imediata e longa resistência; mas é uma instituição da igreja, que surgiu gradualmente nos tempos pós-apostólicos em conexão ao desenvolvimento da vida eclesiástica e do ensino doutrinário. Certamente não foi observado antes de Tertuliano, e por ele ainda foi decididamente combatido. Embora defendido por Cipriano, só se tornou uma prática generalizada após o tempo de Agostinho...» (Commentary on Acts [16:15], New York: Funk & Wagnalls, 1883, p. 312).
O erudito patrístico David F. Wright é um exemplo dessa tendência da erudição moderna:
«Vimos, nesta exposição principalmente atendendo aos textos do desenvolvimento batismal ocidental, uma mudança verdadeiramente enorme na história da igreja de Cristo. De uma corporação que recrutava por resposta intencional ao imperativo do evangelho para o discipulado e o batismo, tornou-se uma sociedade em que se entrava por inscrição desde o nascimento. Foi indiscutivelmente uma das maiores mudanças na história do cristianismo. Ela levou, como vimos, à formação da cristandade, compreendendo um império cristão, nações ou povos cristãos. O cristianismo tornou-se uma questão de hereditariedade e não de decisão pessoal. As famosas e reveladoras palavras de Tertuliano "fiunt, non nascuntur, Christiani" - "Ninguém nasce cristão, mas torna-se cristão", foram viradas do avesso» (What Has Infant Baptism Done To Baptism? (England: Paternoster Press, 2005), p. 74).
Wright ainda diz sobre os credos ecuménicos:
«O único credo ecuménico a mencionar o batismo é o niceno (nenhum menciona a eucaristia) na frase "um batismo para a remissão dos pecados". Defendi em outro lugar que isso originalmente não podia abranger os bebés, porque nos círculos em que este credo surgiu, para ser aprovado no Concílio de Constantinopla em 381 (se aceitarmos o testemunho dos Padres no Concílio de Calcedónia, setenta anos depois, como a maioria dos eruditos faz), acreditava-se que os bebés recém-nascidos não tinham pecados» (Ibid., p. 93).
E continua:
«Peter Leithart afirmou recentemente que "a igreja foi salva da teologia e prática batista por Agostinho de Hipona". Se “batista” aqui implica a rejeição do batismo infantil, essa afirmação temerária é um exagero, mas dentro de limites perdoáveis (...) Para Leithart "o facto notável sobre o batismo na igreja primitiva é que o batismo infantil emergiu... como a prática dominante da Igreja". Esta não é a maneira como a história geralmente é contada! Na verdade, é bastante enganador ver a época dos padres simplesmente como uma era de batismo infantil. De facto, dos indivíduos conhecidos daqueles séculos que tinham pais cristãos e foram batizados em datas conhecidas, a grande maioria foi batizada com base na profissão de fé (...) Como Leithart resume de forma útil: "as primeiras liturgias batismais (...) foram construídas sobre pressupostos batistas, mesmo quando as crianças eram incluídas" (...) Leithart não consegue tirar a conclusão óbvia desta evidência - o batismo infantil nunca pode ter sido a norma neste período inicial (...) A época do longo reinado do batismo infantil se prolonga desde o início do período medieval, a partir do século VI, isto é, depois de Agostinho de Hipona, que morreu em 430. Foi ele quem forneceu a teologia que levou o batismo infantil a se tornar uma prática geral pela primeira vez na história da igreja...» (Ibid., pp. 4-6, 8, n. 7 na p. 8, 12, 17).
O estudioso Anthony Lane expressa uma opinião peculiar:
«A situação nos primeiros séculos foi de que as duas formas de batismo existiram lado a lado, tanto por causa do grande afluxo de conversos quanto porque nem todos os cristãos traziam seus bebés ao batismo. A "dupla prática" de permitir aos cristãos a escolha de batizar ou não os seus filhos, e se sim em que idade, pode parecer hoje a muitos confusa e sem princípios. Mas o facto claro é que tal variedade de práticas existia nos séculos III e IV e ninguém levantou qualquer objeção de princípio contra ela. Na verdade, pode-se argumentar com este facto que é muito provável que tal aceitação de variedade remonta aos tempos apostólicos» (Ibid., p. 7-8).
Everett Ferguson – autor do estudo mais detalhado sobre o tema – escreve:
«Há concordância geral de que não há evidências sólidas do batismo infantil antes da última parte do século II (...) A explicação mais plausível para a origem do batismo infantil é encontrada no batismo de emergência de crianças doentes que se esperava que morressem em breve, de modo a garantir a entrada no reino dos céus» (Baptism in the Early Church, Grand Rapids, 2009, p. 856).
A respeito do período em que o batismo infantil se tornou dominante:
«[O Batismo infantil] era geralmente aceite, mas questionamentos continuaram a ser levantados sobre a sua propriedade até o século V. Tornou-se a prática habitual nos séculos V e VI» (p. 857).
Mesmo os eruditos pedobatistas tendem a afirmar que o batismo infantil não é uma prática que remonta aos apóstolos. A primeira evidência patrística favorável é em meados do século III (Orígenes e Cipriano). Em todo o caso, o consenso sugere que o batismo infantil começou a ser praticado com crianças no leito de morte e até o século V não havia qualquer posição dogmática a respeito. Por isso, era usual que mesmo os filhos de pais cristãos tivessem o batismo adiado. O batismo infantil tornou-se prática generalizada apenas nos séculos V e VI. Os defensores do batismo infantil costumam apontar para a história como o argumento decisivo em favor de sua posição. No entanto, concluímos que a história oferece mais problemas do que apoio à posição pedobatista.
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