domingo, 13 de outubro de 2024

ENQUANTO O MUNDO DORMIA

 

26 E dizia: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra. 27 E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. 28 Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga. 29 E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa. (Marcos 4:26-29)

Antes de a sua reputação ficar manchada pelo escândalo dos abusos clericais, a igreja católica dominava o cenário mundial. Ela costumava ser um importante player na geopolítica. Nisso residia muito de seu apelo para muitos. Se Jesus fundou uma igreja universal, certamente é assim que ela se deve parecer. Grande, conspícua, disseminada. Comparadas a isso, as denominações protestantes parecem provincianas e fragmentadas.

Isso encaixa na alegação dos apologistas católicos de que Jesus fundou uma igreja visível (ou seja, uma organização hierárquica unificada). Ela tem um chefe visível (o papa).

Mas compare-se isso com a parábola do reino de Deus sobre a semente crescendo à noite. Nesse sentido, o reino de Deus é invisível. Ele cresce à noite enquanto o agricultor dorme. Ele cresce à noite enquanto o mundo dorme. Nos Sinóticos, a igreja e o reino de Deus são categorias intimamente relacionadas.

Nesse sentido, a igreja representa uma revolução silenciosa. Ela cresce e se espalha sob o manto da escuridão. O mundo é apanhado de surpresa. A igreja escapa da atenção do mundo até que de repente se torna evidente. A igreja cria raízes e se espalha onde o mundo menos suspeita. Considere-se a igreja clandestina na China. Considere-se o avivamento cristão no coração do mundo muçulmano, devido a sonhos e visões de Jesus. Considere-se como o movimento pentecostal varreu a América Latina.

Nesse sentido, a visibilidade mundial da igreja católica é a antítese do reino de Deus. O progresso do reino é inesperado e imprevisível. Ele acontece em lugares para onde ninguém está a olhar. A universalidade da igreja não é encontrada nos sinais de néon do catolicismo romano, mas em sítios surpreendentes. Em esquinas e lugares escondidos que o mundo despreza até que seja tarde demais para ignorar.

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