Richard Price, historiador católico romano, responde. Numa entrevista no Youtube, ao minuto 1:47, um entrevistador pergunta: "O que é exatamente um concílio ecuménico? Essa tende a ser uma pergunta bastante comum e um tanto difícil de responder. Qual a sua opinião sobre isso?" Price responde:
«A resposta católica
padrão é que é um concílio de todos os bispos da igreja. Ora bem, o
problema com isso é se realmente aprofundar isso, já houve algum concílio ecuménico? Os concílios católicos recentes foram apenas concílios da igreja católica.
E se recuarmos aos primeiros - os famosos sete concílios ecuménicos - de Niceia I a
Niceia II – esses concílios realmente representavam toda a igreja? Quase não
havia nenhuma representação de fora do território do império romano - da Pérsia
ou do sul da Etiópia. E eu penso que se poderia, na verdade, dizer que as
igrejas ocidentais não estavam representadas.
Agora, alguém diz: "Sim, claro que estavam, porque havia representantes do papa em todos esses concílios." Mas eles não estavam lá para representar todas as igrejas ocidentais, mas para representar o papa, que era - até o cisma - considerado o bispo número um da igreja.
Então, o que os tornava ecuménicos? Bem, a resposta é que eles eram concílios imperiais, convocados pelo imperador em Constantinopla. Desde o tempo de Constantino, o Grande, era um tema constante que Deus fez do imperador romano-bizantino seu representante na Terra. E tão tarde quanto 1400, quando o Grão-Príncipe Basílio de Moscovo disse: "Temos uma igreja, mas não um imperador", o patriarca António de Constantinopla escreveu-lhe, dizendo: "Isso não é verdade. O imperador de Constantinopla é o imperador de todos os cristãos. É verdade que a maioria deles não reconhece isso, mas é isso que ele é por nomeação divina."
E há uma expressão extraordinária que era usada - certamente no século VII - que dizia que Deus é co-governante juntamente com o imperador - não o contrário - Deus é co-governante com o imperador, porque o imperador é o representante de Deus na Terra.
Os Concílios tinham que ser convocados pelo imperador, e os seus decretos não tinham força até que o imperador os emitisse como leis imperiais. E isso era a coisa decisiva que os tornava ecuménicos e com autoridade total. Não só os imperadores tinham esse papel significativo no que diz respeito à convocação de concílios e à concessão de autoridade aos seus decretos, como também vemos em muitos desses concílios que os imperadores exerciam uma influência muito forte, de tal maneira que às vezes ditavam aos bispos o que os próprios bispos não escolheriam.»
Não se confunda, pois, História da Igreja com História da Igreja oficial do Império Romano e do Papado.
Uma transcrição maior da entrevista pode ser encontrada aqui https://unapologetica.blogspot.com/2024/07/church-history-and-apologetics.html
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