492 Mais que toda e qualquer outra pessoa criada, o Pai a
«encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo» (Ef 1,
3). «N'Ele a escolheu antes da criação do mundo, para ser, na caridade, santa e
irrepreensível na sua presença» (Ef 1, 4).
http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap2_422-682_po.html
Não há nada de errado com essas afirmações? Comparemo-las
com as palavras do seu texto de prova:
3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o
qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em
Cristo; 4 como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis diante dele (Ef. 1:3-4).
Ef. 1:3-4 não destaca Maria como o objeto de Ef. 1:3-4, mas
os cristãos em geral. Os eleitos.
Na verdade, não diz absolutamente nada sobre Maria. Na
melhor das hipóteses, ela estaria incluída entre outros cristãos.
Desde Newman, os católicos apelam para a teoria do
desenvolvimento. Aqui vemos uma passagem da Escritura dissociada do seu
contexto, para sustentar o dogma mariano. A partir do momento em que a
Escritura é dissociada do contexto, o processo ganha vida própria.
Não há nada intrinsecamente errado com o desenvolvimento
teológico, mas tem que ser logicamente válido. O problema é que a teologia
católica se desenvolve da mesma maneira que um argumento ficcional seminal se
desenvolve ao longo do tempo. Veja-se a evolução literária da lenda de Fausto
ou da lenda Arturiana, ou a evolução cinematográfica do Batman, do Super-homem, os
mitos de vampiros ou as permutações do cânon de Star Trek. Como a ficção não
está sujeita a restrições factuais, ela pode mudar. O único limite é a
consistência e a imaginação do argumentista.
Mas os eventos históricos não podem mudar. Eles são o que
foram. Estão congelados no tempo.
A teologia católica sofre o tipo de embelezamento lendário
que é característico da ficção. Um desenvolvimento descontrolado, porque a
realidade não impõe nenhum limite sobre para onde pode ir.