segunda-feira, 11 de março de 2013

A inconfiabilidade e corruptibilidade das tradições apostólicas “extrabíblicas”


Há na literatura cristã primitiva, algumas referências a tradições apostólicas extrabíblicas, que demonstram bem a carência de precisão, clareza, incorruptibilidade e confiabilidade que têm tal tipo de tradições.  
É sabido, e nenhuma pessoa medianamente informada negará, que a pregação oral precedeu a redação e formação do Novo Testamento. É óbvio que enquanto os Apóstolos viviam, a sua palavra oral tinha igual valor que a sua palavra escrita.
Ora bem, quando os Apóstolos morreram, os seus ensinamentos ficaram perpetuados para sempre nas Escrituras do Novo Testamento e nos ensinamentos das Igrejas que se guiavam por elas.
Tudo indica que houve um rápido desaparecimento ou corrupção das tradições orais. Por exemplo, o bispo Papias de Hierápolis escreveu uma Explicação das Sentenças do Senhor em cinco livros, a qual não se conservou. Papias tinha especial interesse pelas tradições orais. Ora, as tradições que em finais do século I conseguiu recolher, e que Ireneu e Eusébio referem, são na sua maior parte coisas lendárias que nenhum erudito, católico ou evangélico, leva a sério.
De novo, no século II houve uma controvérsia acerca do tempo da celebração da Páscoa. Tanto os bispos ocidentais, com Vítor bispo de Roma à cabeça, como os bispos orientais liderados por Polícrates, sustentavam que os seus respetivos costumes se baseavam em tradições apostólicas.
Pouco depois Tertuliano de Cartago sustentava que o costume de submergir os batizados três vezes era uma tradição apostólica, afirmação que não é confirmada por nenhuma outra fonte independente.
Em resumo: No Novo Testamento estamos em terreno firme e seguro. Quando abrimos as portas a supostas tradições e as colocamos ao mesmo nível de autoridade que o escrito, somente se cria confusão. Estes são factos históricos, que muitas vezes arruínam as melhores teorias.

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