segunda-feira, 12 de agosto de 2024

SACRAMENTALISMO ANTI-ENCARNACIONAL

 

O Luteranismo, o Catolicismo e a Ortodoxia, cada um à sua maneira, enfatizam a “Presença Real”. Mas um problema básico da “Presença Real” é a forma como este dogma atinge a raiz da Encarnação – bem como da Ressurreição. É uma visão fundamentalmente anti-encarnacional da Eucaristia.

Jesus tinha um corpo. Um corpo de verdade. Um corpo físico. Isto fica claro nos Evangelhos. Ele tinha um corpo visível e tangível. Um corpo com altura e peso normal, comparável ao de outros seres humanos com quem interagia.

Isto era verdade antes da sua Ressurreição, e isto era igualmente verdade depois da sua Ressurreição. Na verdade, tanto Lucas (Lc 24) como João (Jo 20-21) esforçam-se por acentuar o caráter visível e tangível do corpo glorificado de Cristo. Embora Cristo pudesse aparecer e desaparecer à vontade, quando estava presente, estava presente de uma forma localmente tangível e definível. Localidade, não ubiquidade. O seu corpo glorificado tinha propriedades empíricas.

Isso é essencial para a teologia lucana da Ressurreição, como também para a teologia joanina da Ressurreição. O corpo de Cristo Ressuscitado é algo que era possível aos observadores ver e sentir.

Mas para defender a “Presença Real” em relação aos elementos da comunhão, é necessário redefinir radicalmente um corpo. E, no processo, é necessário redefinir radicalmente tanto a Encarnação como a Ressurreição.

O fisicalista sacramental despedaça a Encarnação e a Ressurreição em prol do seu dogma eucarístico. Para salvar a doutrina, a corporalidade do corpo é despojada das suas propriedades corporais.

Com efeito, o fisicalista sacramental reduz o corpo de Cristo a um corpo astral ou a uma matéria subtil. Ele tem que assumir uma "forte" sacramentologia à custa de uma fraca cristologia.

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