domingo, 25 de agosto de 2024

IRENEU, EUSÉBIO E AS CONSTITUIÇÕES APOSTÓLICAS AFIRMAM QUE O PRIMEIRO BISPO DE ROMA FOI LINO

 

Na sua «História Eclesiástica», Eusébio de Cesareia afirma o seguinte:

Livro III

II

[Quem foi o primeiro que presidiu a Igreja de Roma]

1. Depois do martírio de Paulo e de Pedro, o primeiro a ser eleito para o episcopado da Igreja de Roma foi Lino. Ele é mencionado por Paulo quando escreve de Roma a Timóteo, na despedida ao final da carta (2 Tm 4:21)."

Note-se que Eusébio de Cesareia nunca menciona Pedro como tendo sido alguma vez Bispo de Roma.

Isto porque Eusébio seguia uma lista dos doze primeiros bispos de Roma, dada por Ireneu de Lyon no século II, em que o primeiro bispo de Roma mencionado era Lino.

Eusébio cita então a lista de Ireneu, onde o bispo de Lyon classifica Lino como o primeiro bispo de Roma:

Livro V

VI

[Lista dos bispos de Roma]

1. "Os bem-aventurados apóstolos, depois de haverem fundado e edificado a Igreja, puseram o ministério do episcopado em mãos de Lino. Este Lino é mencionado por Paulo em sua carta a Timóteo ..."

As Constituições Apostólicas, um documento cristão do século IV, também indicam que Lino, tendo sido ordenado por Paulo, foi o primeiro bispo de Roma, sendo o seu sucessor Clemente, que foi ordenado por Pedro (cfr. Constituições Apostólicas 7.4).

Anacleto é considerado o sucessor de Lino por Ireneu.


A BÍBLIA E A HISTÓRIA FORNECEM EVIDÊNCIA DEFINITIVA DA NATUREZA VÁCUA E ESPÚRIA DAS PRETENSÕES ROMANISTAS

«As listas mais antigas de papas começam, não com Pedro, mas com um homem chamado Lino. A razão pela qual o nome de Pedro não foi listado foi porque ele era um apóstolo, que era uma super-categoria, muito superior a papa ou bispo... A comunidade cristã em Roma, bem dentro do segundo século operava como uma coleção de comunidades separadas sem qualquer estrutura central... Roma era uma constelação de igrejas domésticas, independentes umas das outras, cada uma das quais era livremente governada por um ancião. As comunidades, portanto, basicamente seguiam o padrão das sinagogas Judaicas das quais se desenvolveram.» (John O'Malley, A History of the Popes, Sheed & Ward, 2009, p. 11)

«É certo que a posição católica, que os bispos são os sucessores dos apóstolos por instituição divina, está longe de ser fácil de estabelecer... O primeiro problema tem a ver com a noção de que Cristo ordenou apóstolos como bispos... Os apóstolos eram missionários e fundadores de igrejas; não há nenhuma evidência, nem é de todo provável, de que qualquer um deles alguma vez tenha fixado residência permanente numa igreja em particular como seu bispo... A carta dos Romanos aos Coríntios, conhecida como I Clemente, que data de cerca do ano 96, fornece boas evidências de que cerca de 30 anos após a morte de São Paulo a igreja de Corinto estava sendo liderada por um grupo de presbíteros, sem indicação de um bispo com autoridade sobre toda a igreja local... A maioria dos académicos são da opinião de que a igreja de Roma, muito provavelmente também era liderada nesse tempo por um grupo de presbíteros... Existe um amplo consenso entre os académicos, incluindo muitos católicos, que igrejas como Alexandria, Filipos, Corinto e Roma, muito provavelmente, continuaram a ser lideradas durante algum tempo por um colégio de presbíteros, e que só no segundo século a estrutura tríplice tornou-se a regra geral, com um bispo, assistido por presbíteros, presidindo a cada igreja local.» (Sullivan F.A. From Apostles to Bishops: the development of the episcopacy in the early church. Newman Press, Mahwah (NJ), 2001, pp. 13,14,15).

«De acordo com Ireneu, Pedro e Paulo, não somente Pedro, nomearam Lino como o primeiro na sucessão de bispos de Roma. Isto sugere que Ireneu não pensava em Pedro e Paulo como bispos, ou em Lino e aqueles que se seguiram como sucessores de Pedro mais do que de Paulo.»  (Sullivan F.A. From Apostles to Bishops: the development of the episcopacy in the early church. Newman Press, Mahwah (NJ), 2001, p. 148).

«Devemos concluir que o Novo Testamento não fornece nenhuma base para a noção de que antes dos apóstolos morrerem, eles ordenaram um homem para cada uma das igrejas que eles fundaram... "Havia um Bispo de Roma no primeiro século?"... A evidência disponível indica que a igreja em Roma era liderada por um colégio de presbíteros, e não por um único bispo, por pelo menos várias décadas do século II.» (Sullivan F.A. From Apostles to Bishops: the development of the episcopacy in the early church. Newman Press, Mahwah (NJ), 2001, p. 80,221-222).

«Fontes primitivas, incluindo Eusébio, afirmam que Lino ocupou o cargo por cerca de 12 anos, mas elas não são claras sobre as datas exatas ou o seu exato papel pastoral e autoridade. Deve ser lembrado que ao contrário da piedosa crença católica, a estrutura episcopal monárquica de governo da igreja (também conhecida como o episcopado monárquico, em que cada diocese era liderada por um único bispo) ainda não existia em Roma neste tempo.» (McBrien, Richard P. Lives of the Popes: The Pontiffs from St. Peter to Benedict XVI. Harper, San Francisco, 2005 updated ed., p. 34).

«Para começar, na verdade, não havia 'papa', nem bispo como tal, pois a igreja em Roma foi lenta a desenvolver o cargo de presbítero ou bispo chefe... Clemente não fez nenhuma reivindicação de escrever como bispo... Não há nenhuma maneira de definir uma data em que o cargo de bispo dirigente surgiu em Roma... mas o processo estava certamente completo pelo tempo de Aniceto, por volta do ano 150.» (Duffy, Eamon. Saints & Sinners: A History of the Popes, 2nd ed. Yale University Press, London, 2001, pp. 9, 10,13).

«O fracionamento em Roma favoreceu um sistema de governo presbiteral colegial e impediu durante muito tempo, até à segunda metade do século II, o desenvolvimento de um episcopado monárquico na cidade. Vítor (c. 189-99) foi o primeiro que, após tímidas tentativas de Eleutério (c. 175-89), Sotero (c. 166-75) e Aniceto (c. 155-66), avançou energicamente como bispo monárquico e (por vezes, apenas porque era incitado do exterior) tentou colocar os diferentes grupos da cidade sob a sua supervisão ou, quando tal não era possível, estabelecer barreiras através da excomunhão. Antes da segunda metade do século II, não havia em Roma nenhum episcopado monárquico nos círculos mutuamente unidos em comunhão.» Peter Lampe, From Paul to Valentinus: Christians at Rome in the First Two Centuries, trans. Michael Steinhauser (Minneapolis: Fortress Press, 2003) p. 397.

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