O Consenso Tigurinus ou Consenso de Zurique foi um documento protestante escrito em 1549 por João Calvino e Heinrich Bullinger. Foi subscrito pelas igrejas reformadas da Suíça e recebido favoravelmente por Martin Bucer, Filipe Melanchthon, Pietro Martire Vermigli, pelos huguenotes na França, pela Igreja de Inglaterra e por partes da Alemanha. Entre os primeiros reformadores, o entendimento de Lutero da “consubstanciação” é fortemente idiossincrática.
Consenso Tigurinus [1]
Artigo 21. Nenhuma Presença Local Deve Ser Imaginada.
Devemos nos resguardar particularmente da ideia de qualquer presença local. Pois enquanto os sinais estão presentes neste mundo, são vistos pelos olhos e manuseados pelas mãos, Cristo, considerado como homem, não deve ser buscado em nenhum outro lugar senão no Céu, e não de outra forma senão com a mente e os olhos da fé. Portanto, é uma superstição perversa e ímpia encerrá-lo sob os elementos deste mundo.
Artigo 22. Explicação das Palavras “Isto É o Meu Corpo.”
Aqueles que insistem que as palavras formais da Ceia, “Isto é o meu corpo; isto é o meu sangue,” devem ser lidas no que eles chamam de sentido precisamente literal, nós repudiamos como intérpretes absurdos. Pois nós sustentamos sem controvérsia que elas devem ser lidas figurativamente, o pão e o vinho recebem o nome daquilo que eles significam. Nem deve ser considerado algo novo ou inusitado transferir o nome de coisas figuradas por metonímia para o sinal, pois modos semelhantes de expressão ocorrem em todas as Escrituras, e ao dizer isso não afirmamos nada além do que é encontrado nos escritores mais antigos e aprovados da Igreja.
Artigo 23. Do Comer do Corpo.
Quando se diz que Cristo, ao comermos da sua carne e bebermos do seu sangue, que estão aqui simbolizados, alimenta as nossas almas através da fé pela agência do Espírito Santo, não devemos entender isso como se qualquer mistura ou transfusão de substância tivesse ocorrido, mas que extraímos vida da carne uma vez oferecida em sacrifício e do sangue derramado em expiação.
Artigo 24. Transubstanciação e Outras Tolices.
Desta forma, são refutadas não apenas a ficção dos papistas sobre a transubstanciação, mas todas as invenções grosseiras e futilidades que ou derrogam a sua glória celestial ou são em algum grau repugnantes à realidade da sua natureza humana. Pois não consideramos menos absurdo colocar Cristo sob o pão ou juntá-lo ao pão, do que transubstanciar o pão em seu corpo.
Artigo 26. Cristo Não Deve Ser Adorado no Pão.
Se não é lícito afixar Cristo em nossa imaginação ao pão e ao vinho, muito menos é lícito adorá-lo no pão. Pois, embora o pão seja apresentado a nós como um símbolo e penhor da comunhão que temos com Cristo, ainda assim, como é um sinal e não a coisa em si, e não tem a coisa incluída nele ou fixada nele, aqueles que voltam as suas mentes para ele, com o propósito de adorar a Cristo, fazem dele um ídolo.
Consensus Tigurinus, 1549, Art. 21, 22, 23, 24, 26.
[1] O nome deste documento se deve à região de Zurique, na Suíça, que tinha o nome latino de Tigurinus.
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