sábado, 28 de agosto de 2021

Divórcio, novo casamento, contraceção, filosofia moral

 

A minha posição sobre estes temas que causam alguma confusão nas igrejas é a seguinte:

Divórcio e novo casamento

O casamento é um contrato entre um homem e uma mulher oficializado perante o magistrado estabelecido pela lei civil, o qual é um ministro de Deus.

O casamento é dissolvido naturalmente apenas com a morte de um dos cônjuges.

Porém, o casamento, como qualquer contrato, pode ser rescindido se uma das partes não cumprir com o que se comprometeu. Por isso o divórcio é admitido quando há uma forte razão moral que o justifique. O adultério, o abandono por parte de um dos cônjuges são exemplos de situações que legitimam o divórcio. Seria um erro esperar que a Bíblia listasse todas as situações possíveis que legitimam o divórcio. Apesar de tudo ela é finita. Temos que usar a nossa inteligência e as nossas intuições morais para discernir as situações que legitimam o divórcio.

Divorciar-se do marido ou da mulher sem justificação moral válida é ilegítimo. O racional da proibição do divórcio sem justa causa é impedir que o marido ou a mulher sejam gratuitamente abandonados e deixados à sua sorte, podendo isso causar graves danos materiais, morais e emocionais à parte abandonada.

Consumado o divórcio legítimo deixa de existir vínculo matrimonial e a pessoa é como se ficasse de novo solteira, podendo voltar a casar se assim o desejar.

Contraceção

Em termos gerais e abstratos não há nenhum impedimento moral no uso de contraceção, uma vez que não há nenhuma obrigação geral de deixar a natureza seguir o seu curso. 

Embora isso tenha uma consequência real (contrafactual), não se comete nenhum mal (moral) contra pessoas inexistentes impedindo a sua conceção.

Filosofia moral

Não há absolutos morais. Isso não significa que a moralidade não seja objetiva (subscrevo o realismo moral). As ações morais são intrinsecamente certas ou erradas, mas isso não se determina em abstrato, mas sim no contexto concreto em que as ações são realizadas. Por exemplo, o aborto geralmente é moralmente errado mas em certas circunstâncias específicas pode ser permissível ou mesmo obrigatório.

A consciência moral de Deus é a fonte da lei moral.

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