sexta-feira, 19 de março de 2021

O DILEMA DA AUTORIDADE


Há católicos que adoram, amam a autoridade eclesiástica... até se encontrarem do lado errado do bastão da autoridade que professam amar. Invetivam os evangélicos com perguntas estereotipadas como: "Qual é a tua autoridade para essa interpretação? Ou "Qual é a tua autoridade para o cânon?" (Não há nada de errado em perguntar como os protestantes justificam o cânon ou a sua teologia, mas colocar a questão em termos de autoridade eclesiástica é só uma petição de princípio).

Enquanto a autoridade eclesiástica está do lado deles, só têm a falar muito bem da autoridade do papa ou da autoridade "da Igreja". Quando, no entanto, o chão debaixo dos seus pés desaparece e se encontram do lado perdedor da autoridade eclesiástica, a sua paixão pela autoridade papal ou pelo Magistério esfria a temperaturas próximas do zero absoluto.

Assistir tradicionalistas e católicos progressistas a digladiarem-se é como assistir a uma luta entre fundamentalistas mórmons polígamos e mórmons convencionais. Dentro do paradigma Mórmon, ambos os lados estão certos e ambos os lados estão errados. Fora do paradigma mórmon, ambos os lados estão completamente errados.

Com uma hipérbole perdoável, podemos dizer que, para os tradicionalistas, a tradição termina com Pio X, mas para os católicos progressistas, a tradição começa com Pio XII. Os tradicionalistas têm o passado enquanto os seus adversários têm o futuro. Mas a equipa com o futuro garantido é imbatível. Os líderes vivos têm uma vantagem decisiva sobre os líderes mortos. Os vivos podem dominar os mortos, ao passo que os mortos estão mal posicionados para dominar os vivos.

É especialmente irónico ver convertidos a Roma tentar educar católicos e até mesmo bispos, cardeais e papas no verdadeiro catolicismo. São como alguém que compra uma casa nova e depois descobre que comprou um monte de problemas. Ela está a cair aos pedaços. O telhado precisa de ser substituído. O encanamento precisa de ser substituído. A instalação elétrica precisa de ser substituída. A casa está infestada de ratos e térmitas.

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