Lutero tinha razão, e as
suas palavras continuam a ser verdadeiras até hoje. A correta aplicação do
princípio da Sola Scriptura exige responsabilidade, fidelidade, conhecimento e
caridade. O facto de se poder abusar dele não o torna menos verdadeiro, do mesmo
modo que o facto de alguns homens cometerem delitos não justifica prender todas
as pessoas. Abusar da liberdade que Cristo nos deu, como fizeram alguns grupos
derivados de Igrejas protestantes, é tão grave como abusar da autoridade do
modo em que historicamente o fez e o continua a fazer a Igreja de Roma.
Os romanistas não cessam
de acusar a Reforma do século XVI pela desunião da Igreja universal. No
entanto, Roma já havia quebrado a unidade da Igreja universal desde há séculos.
Não foi a Reforma que privou de autoridade a Igreja de Roma. O que a privou
de autoridade foi o cúmulo de falsas doutrinas e práticas antibíblicas que foi
incorporando paulatinamente, somado ao seu descuido pelas almas e pela
crescente corrupção do episcopado, com o papa à cabeça. Quando ocorreu a
Reforma, há séculos que os setores mais lúcidos da Igreja ocidental clamavam por
uma reforma radical, “na cabeça e nos membros”. Dada a inveterada contumácia do
papado renascentista para ouvir as advertências cada vez mais sérias e
generalizadas, o cisma do Ocidente era questão de tempo.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.