domingo, 9 de fevereiro de 2025

DEFENDAMOS BASÍLIO MAGNO DOS ICONÓDULOS

 

Confesso a aparência do Filho de Deus na carne, e a santa Maria como a mãe de Deus, que deu à luz segundo a carne. E eu recebo também os santos apóstolos e profetas e mártires. Suas semelhanças eu reverencio e beijo com homenagem, pois elas são transmitidas dos santos apóstolos e não são proibidas, mas, pelo contrário, pintadas em todas as nossas igrejas.” (Basílio Magno, Epístola 360).

Apesar de este texto ter sido usado no Concílio de Niceia II como argumento a favor do culto das imagens, Basílio não escreveu isto. Todos os estudiosos da área concordam que este é um texto espúrio, uma falsificação iconófila.

O que não impede que ainda hoje se tente passar este texto como autêntico em algumas fontes católicas ou ortodoxas pouco escrupulosas.

A linguagem da epístola 360, aparentemente endereçada a ninguém em particular, revela uma origem muito posterior ao tempo de Basílio, própria da época da controvérsia iconoclasta. Sabemos por outras evidências da igreja primitiva que pelo menos partes significativas da igreja proibiam ícones, e portanto a afirmação de que a iconografia, descrita na referida homenagem e beijo das imagens, “não é proibida” é falsa. Além disso, se a iconografia foi realmente “transmitida” desde o início e era onipresente, como a epístola afirma, por que razão Basílio declararia o óbvio? Ou seja, por que razão um cristão antigo escreveria a outro sobre uma prática cristã supostamente antiga e difundida afirmando que ela “não era proibida”, se todos sabiam que ela não era proibida? Quando é que nós defendemos práticas cristãs antigas e difundidas como cantar? A epístola 360 tem fortes evidências de “anacronismos” e é tão amplamente questionada que não aparece na maioria das coleções das cartas de Basílio.

The Acts of the Second Council of Nicaea (787), ed. Richard Price, Liverpool University Press 2018, p. 314.



«A alegação iconoclasta de que a reverência para com as imagens não remontava à época de ouro dos padres, e muito menos aos apóstolos, seria hoje julgada por historiadores imparciais como simplesmente correta. A visão iconófila da história do pensamento cristão e da devoção cristã era [em Niceia II] virtualmente uma negação da história».

The Acts of the Second Council of Nicaea (787), ed. Richard Price, Liverpool University Press 2018, p. 43.

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