quarta-feira, 21 de julho de 2021

Roma ao condenar o jansenismo anatematizou a teologia de Agostinho de Hipona

 

O jansenismo foi um reavivamento católico pós-Reforma da teologia agostiniana iniciado pelo bispo holandês de Ypres, Cornellius Jansenius (Jansen), no século XVII. Os jansenistas eram uma espécie de "calvinistas católicos", predestinarianos estritos, que se opunham ao semipelagianismo de Roma. Seguindo o agostinismo, defendiam que a graça seria concedida através da predestinação incondicional, contrariando a teoria de que seriam as "boas obras" realizadas de acordo com o livre-arbítrio característico ao ser humano que faria recair sobre si (ou não) a graça divina. De igual forma, considerava o jansenismo que o pecado original inclinou o género humano para o Mal. Um dos seus aderentes ilustres foi o matemático, físico e filósofo Blaise Pascal.

Os principais opositores do jansenismo dentro do catolicismo foram os jesuítas (molinistas) que influenciados pelo humanismo renascentista, passaram a pregar a importância do livre-arbítrio e da colaboração da vontade humana na salvação, considerando que a persistência na tradição agostiniana favoreceria o calvinismo emergente

Ao condenar o jansenismo, a Igreja de Roma anatematizou a tradição agostiniana que ocupava um lugar honroso no catolicismo antes do calvinismo tornar-se intolerável. Algo de semelhante aconteceu com a doutrina da justificação pela fé após Lutero passar a professá-la. A teologia católica é algo reacionária.


P.S. Lendo alguns textos sobre o jansenismo aqui, é fascinante ver como o catolicismo predominante em vários países europeus durante uma boa parte do século XVIII, era mais parecido com uma Igreja protestante do que com a Igreja católica romana pós-Vaticano I.

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