"Todos os quatro
Evangelhos são anónimos no sentido formal de que o nome do autor não aparece no
texto da obra em si, mas apenas no título (o que discutiremos abaixo). Mas isso
não significa que eles eram intencionalmente anónimos. Muitas obras antigas eram
anónimas no mesmo sentido formal, e o nome pode até nem aparecer no título
sobrevivente da obra. Por exemplo, isto é verdade para a Vida de Demonax de
Luciano (Demonactos bios), que como uma bios (biografia antiga) é genericamente
comparável com os Evangelhos. No entanto, Luciano fala na primeira pessoa e
obviamente espera que os seus leitores saibam quem ele é. Tais obras, muitas
vezes, circulavam em primeira instância entre amigos ou conhecidos do autor que
sabiam quem era o autor a partir do contexto oral em que a obra era lida pela
primeira vez. O conhecimento da autoria seria transmitido quando cópias fossem
feitas para outros leitores, e o nome seria anotado, com um título breve, na
parte externa do rolo ou numa etiqueta afixada ao rolo. Ao negar que os
Evangelhos eram originalmente anónimos, a nossa intenção é negar que eles foram
inicialmente apresentados como obras sem autores. O caso mais claro é Lucas por
causa da dedicação da obra a Teófilo (1:3), provavelmente um patrono. É
inconcebível que uma obra com um dedicatário nomeado fosse anónima. O nome do
autor podia figurar num título original, mas em qualquer caso seria conhecido pelo
dedicatário e outros primeiros leitores, porque o autor apresentava o livro ao
dedicatário.... No século I d.C., a maioria dos autores davam aos seus livros
títulos, mas a prática não era universal... Independentemente de algum desses
títulos se originar ou não dos próprios autores, a necessidade de títulos que
distinguissem um Evangelho de outro surgiria assim que alguma comunidade cristã
tivesse cópias de mais do que um na sua biblioteca e lesse mais do que um nas
suas reuniões de culto... No caso dos códices, "etiquetas apareciam em
todas as superfícies possíveis: abas, capas e lombadas". Neste sentido
também, portanto, os Evangelhos não teriam sido anónimos quando eles pela
primeira vez circulavam pelas igrejas. Uma igreja ao receber a sua primeira
cópia de um evangelho receberia com ele informação, pelo menos em forma oral,
sobre a sua autoria e, em seguida, usava o nome do seu autor quando etiquetava
o livro e quando o lia no culto. Nenhuma evidência existe que estes Evangelhos
alguma vez foram conhecidos por outros nomes".
(Richard Bauckham, Jesus And The Eyewitnesses [Grand
Rapids, Michigan: Eerdmans, 2006], pp. 300-301, 303)
"No entanto,
permanece o facto de que é totalmente improvável que neste período obscuro, num
lugar particular ou através de uma pessoa ou por decisão de um grupo ou
instituição desconhecida, as quatro subscrições dos Evangelhos, que até então
circulavam anonimamente, de repente surgissem e, sem deixar vestígios de
títulos divergentes anteriores, se estabelecessem em toda a igreja. Que aqueles
que negam a grande antiguidade e, portanto, basicamente a originalidade das
subscrições dos Evangelhos para preservar a sua "boa" consciência crítica,
deem uma melhor explicação da testificação completamente unânime e
relativamente cedo destes títulos, da sua origem e dos nomes dos autores
associados a eles. Tal explicação ainda não foi dada, e nunca será. Os
académicos do Novo Testamento persistentemente ignoram factos e questões básicas
com base em velhos hábitos".
(Martin Hengel, The Four Gospels And The One Gospel Of
Jesus Christ [Harrisburg, Pennsylvania: Trinity Press International, 2000], p.
55)
Evidência para a autoria de Mateus
ResponderEliminarhttp://triablogue.blogspot.com/2016/04/the-evidence-for-matthews-authorship.html
Evidência para a autoria de Marcos
http://triablogue.blogspot.pt/2015/03/why-markan-authorship-wouldnt-be.html
Evidência para a autoria de Lucas
http://triablogue.blogspot.pt/2014/01/craig-keener-on-luke-and-acts.html
Evidência para a autoria de João
http://triablogue.blogspot.pt/2006/07/who-wrote-gospel-of-john.html