Gregório de Nazianzo escreveu a seguinte carta, em 382, após ter presidido ao segundo concílio “ecuménico” [1], reunido em Constantinopla em 381, e ter abandonado tal concílio a meio:
Epístola CXXX para Procopius:
«De minha parte, para escrever a verdade, a minha inclinação é evitar todas as assembleias de bispos, porque nunca vi nenhum Concílio chegar a um bom fim, nem se tornar uma solução para os males. Pelo contrário, costuma aumentá-los. Sempre se encontra ali amor à contenda e amor ao poder (espero que não me achem desagradável por escrever assim), de forma indescritível; e, enquanto julga os outros, um homem pode muito bem ser condenado por ter cometido um erro muito antes de conseguir reprimir os erros de seus opositores. Por isso me afastei; e cheguei à conclusão de que a única segurança para a alma reside em manter o silêncio.»
Gregório respondia a Procopius, que em nome do imperador o convocou em vão para outro sínodo. A experiência que teve um ano antes, no concílio de Constantinopla, o levou a não querer ouvir falar mais em “assembleias de bispos”.
O seu discurso, claramente, não é de alguém que acredita que os Concílios ecuménicos são infalíveis, como hoje acreditam os católicos romanos e os ortodoxos orientais nas suas visões míticas da história.
E quanto à figura do papa como autoridade suprema e universal sobre toda a igreja? É uma noção completamente ausente nesta epístola de Gregório de Nazianzo.
[1] O concílio de Constantinopla em 381 não tinha um único bispo latino, era constituído apenas por cento e cinquenta bispos gregos, e foi elevado à categoria de “ecuménico” pelo consentimento da igreja latina em meados do século seguinte.
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