Apologista Católico: Sem a
autoridade da Igreja não se pode saber quais livros pertencem ao cânon da
Bíblia. Foi ela que decretou o cânon da Bíblia.
Eu: Quando fala em autoridade da Igreja a que entidade se está a referir? A São Paulo, a Marcião, ao concílio de Laodiceia, a Agostinho, a Jerónimo, aos Padres da Igreja, a Gregório Magno, ao cardeal Caetano, a Lutero, ao concílio de Trento, à Confissão de Fé de Westminster ou aos biblistas católicos modernos? É que todas estas entidades não são concordes quanto à extensão de livros que reconhecem como Escritura e sobre o que pensam dos diversos textos da Bíblia.
Apologista Católico: Refiro-me ao Magistério da Igreja Católica, única Igreja verdadeira fundada por Cristo.
Eu: Apelar simplesmente para a autoridade do Magistério da Igreja Católica para justificar o cânon é circular. Primeiro tem que argumentar por que razão reconhece autoridade ao Magistério da sua Igreja para decretar o cânon da Bíblia. Eu não reconheço autoridade ao Magistério da sua Igreja para estabelecer por decreto quais livros pertencem ao cânon e quais não. O reconhecimento do cânon bíblico não é uma questão de "autoridade", mas uma questão de razão e evidência. Aceitação da apostolicidade, antiguidade, ortodoxia, intertextualidade e inspiração divina dos textos. Por isso, de vez em quando, a sua extensão pode sofrer pequenas alterações ao longo do tempo precisamente porque não é uma arbitrariedade.
Há um sentido legítimo em que se pode dizer que a Igreja contribuiu para sabermos a extensão do cânon bíblico, se entendermos por "Igreja" a Igreja cristã dos primeiros dois séculos do cristianismo como testemunha histórica dos livros que compõe o cânon, mas não porque ela tivesse alguma autoridade intrínseca para determinar o cânon.
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