Pois quê? Somos nós mais
excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus
como gregos, todos estão debaixo do pecado, como está escrito: Não há um justo,
nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.
Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem,
não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam
enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está
cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em
seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não
há temor de Deus diante de seus olhos.
Ora, nós sabemos que tudo
o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja
fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso, nenhuma carne
será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o
conhecimento do pecado.
Mas, agora, se manifestou,
sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas, isto é,
a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem;
porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em
Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para
demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a
paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para
que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.
Onde está, logo, a
jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não! Mas pela lei da fé.
Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei. É,
porventura, Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos
gentios, certamente. Se Deus é um só, que justifica, pela fé, a circuncisão e,
por meio da fé, a incircuncisão, anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira
nenhuma! Antes, estabelecemos a lei.
Que diremos, pois, ter
alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado
pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a
Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele
que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas
segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, porém crê naquele que justifica
o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim também Davi declara
bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:
Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são
cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.
Vem, pois, esta
bem-aventurança sobre a circuncisão somente ou também sobre a incircuncisão?
Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão. Como lhe foi, pois,
imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas
na incircuncisão. E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé,
quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem
(estando eles também na incircuncisão, a fim de que também a justiça lhes seja
imputada), e fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da
circuncisão, mas que também andam nas pisadas daquela fé de Abraão, nosso pai,
que tivera na incircuncisão. Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do
mundo não foi feita pela lei a Abraão ou à sua posteridade, mas pela justiça da
fé. Pois, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é
aniquilada. Porque a lei opera a ira; porque onde não há lei também não há
transgressão.
Portanto, é pela fé, para
que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a
posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé de Abraão, o
qual é pai de todos nós (como está escrito: Por pai de muitas nações te
constituí.), perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os
mortos e chama as coisas que não são como se já fossem. O qual, em esperança,
creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que
lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E não enfraqueceu na fé, nem
atentou para o seu próprio corpo já amortecido (pois era já de quase cem anos),
nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não duvidou da promessa
de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus; e
estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o
fazer. Pelo que isso lhe foi também imputado como justiça. Ora, não só por
causa dele está escrito que lhe fosse tomado em conta, mas também por nós, a
quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a
Jesus, nosso Senhor, o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para
nossa justificação.
Sendo, pois, justificados
pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também
temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na
esperança da glória de Deus.
Apóstolo
Paulo (Carta aos Romanos, 3:9-31; 4:1-25; 5:1-2)
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