O papa Gelásio I (492-496) não só não sabia que o
pão e o vinho se transubstanciavam na Eucaristia, como nega que em virtude
da sua consagração haja
alguma mudança de substância ou natureza nas espécies eucarísticas.
Ele afirmou: «Certamente o sacramento, que tomamos, do corpo e sangue
de Cristo é uma coisa divina, pela qual somos feitos
participantes da natureza divina; e contudo a substância ou natureza do pão e
do vinho não deixa de existir. E certamente
a imagem e semelhança do corpo e sangue de Cristo celebram-se na acção
dos mistérios.»
Texto latino: Certe sacramenta, quae sumimus, corporis et
sanguinis Christi divina res est, propter quod et per eadem divinae efficimur
consortes naturae; et tamen esse non desinit substantia vel natura panis et
vini. Et certe imago et similitudo corporis et sanguinis Christi in actione
mysteriorum celebrantur. Jacques Paul Migne, Patrologiae Latinae, Tractatus de
duabis naturis Adversus Eutychen et Nestorium 14, PL Supplementum III, Part
2:733 (Paris: Editions Garnier Freres, 1964).
Evidentemente no tempo de Gelásio I esta doutrina era
inexistente na Igreja. A doutrina da transubstanciação foi formulada por Pascasius
Radbertus no século IX, e sancionada pelo IV Concílio de Latrão de 1215.
Pouco depois Tomás de Aquino forneceu uma base filosófica baseada em distinções
aristotélicas entre substância e acidentes. O assunto foi definitivamente
estabelecido para a Igreja de Roma no Concílio de Trento.
Eis, pois, um pastor e mestre infalível da Igreja de Roma negando
um dogma da Igreja de Roma.
Ele não está negando, veja que ele afirma que é um Sacramento - Sinal sensível instituido por Cristo - é neste sinal que somos participantes da natureza divina e contudo a substância ou natureza do pão e do vinho não deixa de existir e é esta a ação misteriosa da celebração - TRANSUBSTANCIAÇÃO.
ResponderEliminarEvidentemente no tempo de Gelásio I esta doutrina já existia na Igreja pois quando ele escreveu estava no ano de 490, eis aí a prova maior que este sacramento já existia e era praticado por toda igreja e só foi confirmado esta mesma e outras práticas nos diversos concílios justamente para por a par para os cristãos as verdades que a Igreja sempre acreditou, É nesta fé que a igreja acredita que faz ela vencer todas as heresias.
[Hecosta] ...e contudo a substância ou natureza do pão e do vinho não deixa de existir e é esta a ação misteriosa da celebração - TRANSUBSTANCIAÇÃO.
ResponderEliminarPortanto também você nega a transubstanciação. Embora tenha uma atenuante que é parecer não entender o conceito da «transubstanciação», tenha cuidado para que o seu bispo não venha a saber.
Veja o que Paulo VI escreveu no «Credo do Povo de Deus»
«25. Neste sacramento, pois, Cristo não pode estar presente de outra maneira a não ser pela mudança de toda a substância do pão no seu Corpo, e pela mudança de toda a substância do vinho no seu Sangue, permanecendo apenas inalteradas as propriedades do pão e do vinho, que percebemos com os nossos sentidos. Esta mudança misteriosa é chamada pela Igreja com toda a exatidão e conveniência transubstanciação. Assim, qualquer interpretação de teólogos, buscando alguma inteligência deste mistério, para que concorde com a fé católica, deve colocar bem a salvo que na própria natureza das coisas, isto é, independentemente do nosso espírito, o pão e o vinho DEIXARAM DE EXISTIR depois da consagração, de sorte que o Corpo adorável e o Sangue do Senhor Jesus estão na verdade diante de nós, debaixo das espécies sacramentais do pão e do vinho (cf. ibid.; Paulo VI, Encíclica Mysterium Fidei), conforme o mesmo Senhor quis, para se dar a nós em alimento e para nos associar pela unidade do seu Corpo Místico( cf. Suma Teológica III, q. 73, a. 3). »
Como é bom de ver, entre o que cria Gelásio I e Paulo VI há um abismo.
[Hecosta]Evidentemente no tempo de Gelásio I esta doutrina já existia na Igreja pois quando ele escreveu estava no ano de 490, eis aí a prova maior que este sacramento já existia e era praticado por toda igreja e só foi confirmado esta mesma e outras práticas nos diversos concílios justamente para por a par para os cristãos as verdades que a Igreja sempre acreditou, É nesta fé que a igreja acredita que faz ela vencer todas as heresias.
Pois... mas a realidade é bem diferente. O que diz é apenas "wishful thinking".
Paulo VI como Gelásio I também confirma a Eucaristia como Sacramento instituido por Jesus Cristo - permanecendo apenas inalteradas as propriedades do pão e do vinho
EliminarGelásio colocou "a substância ou natureza do pão e do vinho não deixa de existir".
Paulo VI colocou propriedades - Gelácio I colocou substância ou natureza sendo as propriedades
Paulo VI termina "para se dar a nós em alimento(propriedade substância ou natureza) e para nos associar pela unidade do seu Corpo Místico(a ação misteriosa da celebração)"
Como é bom de ver, entre o que cria Gelásio I e Paulo VI há uma ponte que confirma a mesma fé.
EliminarPESSIMUS CAECUS QUI NON VULT VIDERE EST
Na revista Studia Patristica, um artigo escrito pelo erudito jesuíta Edward J. Kilmartin, S.J., intitulado "The Eucharistic Theology of Pope Gelasius I: A Nontridentine View" afirma que Gelásio negou a transubstanciação.
EliminarComentando esta passagem de Gelásio, Edward J. Kilmartin, S.J. escreveu:
«Segundo Gelásio, os sacramentos da Eucaristia comunicam a graça do mistério principal. A sua principal preocupação, no entanto, é realçar, como fez Teodoreto, o facto de que, após a consagração os elementos permanecem o que eram antes da consagração»
Edward J. Kilmartin, S.J., “The Eucharistic Theology of Pope Gelasius I: A Nontridentine View” in Studia Patristica, Vol. XXIX (Leuven: Peeters, 1997), p. 288.
Há dois nomes que merecem uma referência quando se fala na história da doutrina da transubstanciação.
ResponderEliminarO primeiro é Paschasius Radbertus, que no séc IX foi o primeiro a ensinar claramente a doutrina da transubstanciação. Sem usar o termo transubstanciação, que não entrou em uso até dois séculos mais tarde, ele ensinou o conceito, ou seja, que "a substância do pão e do vinho é efetivamente mudada (efficaciter interius commutatur) na carne e no sangue de Cristo", de modo que depois da consagração sacerdotal "nada mais há na eucaristia senão a carne e o sangue de Cristo", embora "a figura do pão e do vinho permanecem" para os sentidos da visão, tato e paladar.
http://www.ccel.org/ccel/schaff/hcc4.i.xi.xxi.html
A segunda referência é para Tomás de Aquino que pôs a filosofia aristotélica com a sua distinção entre substância e acidente ao serviço do dogma da transubstanciação (a doutrina da transubstanciação tinha sido dogmatizada no IV Concílio de Latrão dez anos antes de Tomás de Aquino nascer) para tentar uma explicação muito pouco convincente de como o pão e o vinho se transformam no corpo e no sangue de Cristo, embora continuem a ver-se, a saber e a cheirar como pão e como vinho.