Neste dia, há 503 anos, um
grupo de homens, que incluía Ulrich Zwingli, Leo Jud, Klaus Hottinger e Lorenz
Hochrütiner, reuniram-se na gráfica de Christoph Froschauer em Zurique para
comer uma refeição de salsichas fumadas numa violação deliberada das leis da
cidade sobre o jejum quaresmal.
Zwingli não comeu as
salsichas, mas defendeu a liberdade cristã daqueles que o fizeram com a
publicação do tratado "Da escolha e liberdade nas comidas" onde dizia
“Os cristãos são livres de fazer jejum ou não porque a Bíblia não proíbe de
comer carne durante a Quaresma".
O Conselho de Zurique
condenou a ação a princípio e Froschauer foi preso.
O evento, no entanto, foi bem-sucedido ao abrir um debate público sobre o assunto. Como resultado, o povo e os governantes da cidade aderiram às ideias da Reforma e um ano depois o Conselho decidiu que todas as leis sobre jejum seriam abolidas, pois não tinham
base bíblica. Em Basileia, um evento semelhante aconteceria com os
participantes a comer um porco assado.
A Reforma se espalharia a
partir daí para vários lugares no sul da Alemanha, para a Holanda,
Inglaterra e América.
E qual foi o destino dos participantes na refeição escandalosa? Froschauer veio a ser fundamental na impressão e divulgação da Bíblia
de Zurique até a sua morte em 1564.
Zwingli tornou-se a
figura de proa dos Reformados até sua morte na batalha de Kappel em 1531. Lugar
que Leo Jud assumiria junto com Heinrich Bullinger.
Klaus Hottinger tornou-se o primeiro mártir da Reforma Suíça sendo executado em Lucerna em 1524
por divulgar ensinos bíblicos.
Lorenz Hochrütiner
infelizmente separou-se de Zwingli e se tornou um anabatista alguns anos
depois. Ele foi expulso primeiro de Zurique, depois de St. Gallen e, por
último, de Basileia pelos seus ensinos e acabou em Estrasburgo, onde
desapareceu.
O caso das salsichas de
Zurique ficou na história como um símbolo da liberdade cristã e é
considerado de semelhante importância às 95 Teses de Martinho Lutero em
Wittenberg para a Reforma Protestante.