domingo, 31 de outubro de 2010

O papa e a unidade da Igreja


Graças ao papa produziram-se os dois maiores cismas da história do cristianismo:

1. O grande cisma entre as Igrejas do Oriente e a do Ocidente, quando o papa quis impor aos orientais a extra e antibíblica doutrina do primado romano, e como os orientais não a reconheceram, quis excomungá-los.

2. O grande cisma do Ocidente, quando outro papa, mais interessado nas artes e na caça do que nos seus labores pastorais, subestimou o clamor da Reforma e deixou que a Igreja se dividisse.

Como curiosidade, ambos tinham tomado para si o mesmo nome:

Leão IX (papa 1049-1054)

Leão X (papa 1513-1521)

Depois de terem tido um papel principal em dividir a cristandade, os papas se dedicaram a manter a unidade do que lhes restou, censurando, castigando ou expulsando os dissidentes.

Onde está o Espírito há unidade. Da verdadeira, da autêntica, da que vem de Deus.

Durante séculos a Igreja manteve a sua unidade sem primado de jurisdição nem de magistério do bispo de Roma. Quando quis impô-lo, precipitou o cisma.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mateus 16:18 nos Padres da Igreja


INTRODUÇÃO

Segundo as declarações oficiais do Magistério Católico, o consenso dos Padres é um critério fundamental na correta interpretação das Escrituras. Isto está documentado em muitas declarações; limito-me a citar duas que são representativas:

Além disso, para reprimir os engenhos petulantes, [o Sacrossanto Concílio] decreta que ninguém, apoiado na sua prudência, seja ousado a interpretar a Sagrada Escritura, em matérias de fé e costumes, que pertencem à edificação da doutrina cristã, retorcendo a Sagrada Escritura conforme o próprio sentir, contra aquele sentido, que sustentou e sustenta a Santa Madre Igreja, a quem compete julgar sobre o verdadeiro sentido e interpretação das Escrituras Santas, ou também contra o unânime sentir dos Padres, mesmo quando tais interpretações não tiverem de sair à luz em tempo algum. 

Concílio de Trento, Sessão IV de 8 de Abril de 1546 (Denzinger # 786; negrito acrescentado)

A ninguém é lícito interpretar a própria Escritura contra este sentido nem contra o sentir unânime dos Padres.." 

Concílio Vaticano I, 1870 (Denzinger # 1788).

Por outro lado, é sabido que Mateus 16:18 é um texto crucial na justificação bíblica dos dogmas que estabelecem o bispo de Roma como Cabeça visível da Igreja.

No entanto, os textos patrísticos que pude recopilar não mostram um consenso unânime dos Padres neste sentido, de maneira nenhuma.

Encontrei textos de 30 Padres da Igreja, que expressam 40 opiniões sobre o texto em questão; a diferença nos números de autores e no de opiniões se deve a que alguns Padres, especialmente Jerónimo e Agostinho, expressam mais de uma interpretação nos seus diferentes escritos. 

A interpretação mais comum nos Padres é que a pedra sobre a qual é edificada a Igreja não é Pedro pessoalmente, mas a fé ou confissão que faz Pedro.

Alinham-se nesta postura Ambrosiáster, Paulo de Constantinopla, Hilário de Poitiers, Atanásio de Alexandria, Basílio o Grande, Gregório de Nissa, Ambrósio de Milão, Dídimo o Cego, Epifânio de Salamina, João Crisóstomo, Paládio de Helenópolis, Agostinho de Hipona, Cirilo de Alexandria, Isidoro de Pelúsio, Teodoreto de Ciro e Basílio de Selêucia, um total de 16 Padres.

A isto podem acrescentar-se as interpretações que consideram "pedras" todos os verdadeiros discípulos de Cristo porque eles confessam o mesmo que Pedro, e aqui encontramos Orígenes, Ambrósio de Milão e Agostinho de Hipona, o que leva o total a 20. 

A segunda interpretação em frequência é a que considera a Pedra como o próprio Cristo

É defendida por Tertuliano de Cartago, Afraates o Sírio, Tiago de Nisbis, Eusébio de Cesareia, João Crisóstomo, Jerónimo, Agostinho de Hipona, Cassiodoro, Isidoro de Sevilha, Beda o Venerável e João de Damasco. Isto faz um total de 11 Padres. 

Uma opinião minoritária diz que a Pedra são todos os Apóstolos (Jerónimo e Isidoro de Sevilha). Outra, elaborada por Cipriano de Cartago, vê no episcopado universal a pedra sobre a qual se fundamenta a Igreja. 

Num dos seus polémicos escritos, Tertuliano de Cartago afirmou que Pedro e somente ele, pessoalmente, é a pedra. 

Não consegui encontrar a opinião de que Pedro e seus sucessores na figura dos bispos de Roma sejam a pedra na literatura patrística antes de finais do século IV. 

Dois Padres de tal época que podem invocar-se a favor desta posição são Jerónimo e Agostinho. No entanto, é interessante que o primeiro a expresse numa carta dirigida precisamente ao bispo de Roma, e o segundo numa carta escrita a propósito de uma ameaça de cisma. 

Além disso, em outros de seus escritos, Jerónimo expressa que a Pedra é o próprio Cristo, ou que se tratava de Pedro e dos demais Apóstolos. 

Também Agostinho, nos seus Sermões e Exposições diz que: 

(1) Pedro era a pedra como figura de toda a Igreja, ou seja que, na sua fé e também na sua fraqueza, representava todos os que compõem o Corpo de Cristo (Sermão 26)

(2) Que a pedra era Pedro, enquanto permanecesse na fé (Exp Salm 45:14)

(3) Que a pedra era a confissão de Pedro (Sermão 229P).

(4) Que a Pedra era o próprio Cristo (Exp Salm 61:3)

De modo que o ilustre bispo de Hipona e Doutor da Igreja não parece ter tido uma interpretação única deste versículo.

Em suma, o único dos Padres que de maneira consistente sustenta que a pedra era Pedro pessoalmente e seus sucessores na pessoa dos bispos de Roma, é precisamente um bispo de Roma, Leão Magno, em meados do século V.

Portanto, parece difícil evitar a conclusão de que neste caso em particular, a interpretação oficial católica não conta, nem de perto, com o consenso unânime dos Padres.

A única razão que pode aduzir-se é que o Magistério hoje crê nela. Ou seja, deve ser verdadeira, apenas porque Roma o diz e, como todos sabem, "ela não pode enganar-se".

Mateus 16:18 nos Padres dos séculos II e III

Tertuliano de Cartago (c. 160-220)

Se, por o Senhor ter dito a Pedro, «Sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja», «a ti eu te dei as chaves do reino celestial», ou «qualquer coisa que ligares ou desligares na terra, será ligada ou desligada nos céus», tu portanto supores que o poder de ligar e desligar derivou para ti, ou seja, para toda a Igreja semelhante a Pedro, que tipo de homem és, subvertendo e mudando totalmente a intenção manifesta do Senhor, conferindo (como foi a sua intenção) isto pessoalmente a Pedro? «Sobre ti», diz, «eu edificarei a minha Igreja»; e «Eu te darei as chaves a ti», não à Igreja; e «o que desligares ou ligares», não o que «eles desligarem ou ligarem». Pois assim adicionalmente ensina o resultado. No próprio (Pedro) a Igreja foi criada; isto é, através do próprio (Pedro); ele próprio testou a chave; tu vês qual: «Homens de Israel, deixai que o que digo penetre nos vossos ouvidos: Jesus Nazareno, homem destinado por Deus para vós», e assim. O próprio (Pedro), portanto, foi o primeiro a abrir, no batismo de Cristo, a entrada para o reino celestial, no qual são desligados os pecados que estavam antes ligados; e aqueles que não foram desligados são ligados, segundo a verdadeira salvação...

Sobre a Modéstia, 21 (ANF 4:99)

Outra vez, Ele muda o nome de Simão para Pedro ... Mas, porquê Pedro? Se fosse pelo vigor da sua fé, havia muitos materiais sólidos que poderiam emprestar o seu nome por causa da sua força. Foi porque Cristo era uma rocha e uma pedra? Pois lemos que foi posto «como pedra de tropeço e rocha de escândalo».

Contra Marcião, IV, 13 (ANF 3:365)

Orígenes de Alexandria (c. 185-c.254)

E se nós também dissermos como Pedro, «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo», não como se carne e sangue no-lo tivesse revelado, mas pela luz do Pai nos céus tendo resplandecido no nosso coração, nos tornamos um Pedro, e a nós nos poderia dizer o Verbo, «Tu és Pedro», etc. Pois é uma pedra cada discípulo de Cristo de quem beberam aqueles que beberam da pedra espiritual que os seguia, e sobre cada pedra assim é edificada cada palavra da Igreja, e o governo de acordo com ela; pois em cada um dos perfeitos, que têm a combinação de palavras e atos e pensamentos que preenchem a bem-aventurança, é a Igreja edificada por Deus.

Comentário sobre Mateus, 10 (ANF 10:456)

A promessa dada a Pedro não é restrita a ele, mas aplicável a todos os discípulos como ele.
Mas se supões que sobre este Pedro somente toda a Igreja é edificada por Deus, que dirias sobre João o filho do trovão ou de cada um dos Apóstolos? Atrever-nos-emos, de outro modo, a dizer que contra Pedro em particular não prevalecerão as portas do Hades, mas que prevalecerão contra os outros Apóstolos e os perfeitos? Acaso o dito anterior, «as portas do Hades não prevalecerão contra ela», não se sustém em relação a todos e no caso de cada um deles? E também o dito, «Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja?» São as chaves do reino dos céus dadas pelo Senhor só a Pedro, e nenhum outro dos bem-aventurados as receberá? Mas se esta promessa, «Eu te darei as chaves do reino dos céus» é comum aos outros, como não o serão também todas as coisas de que anteriormente se falou, e as coisas que estão subordinadas como tendo sido dirigidas a Pedro, ser comuns a eles? Pois neste lugar estas palavras parecem ter sido dirigidas somente a Pedro ... Mas no Evangelho de João, o salvador tendo dado aos discípulos o Espírito Santo soprando sobre eles, disse, «Recebei o Espírito Santo»...
«Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo». E se alguém diz isto a Ele ... obterá as coisas que foram faladas conforme a letra do Evangelho àquele Pedro, porém, como o espírito do Evangelho ensina, a todo o que se torna tal como era Pedro. Pois carregam o sobrenome de «pedra» todos os que são imitadores de Cristo, isto é, da pedra espiritual que seguiu os que estavam sendo salvos, para que possam beber dela na seca espiritual. Mas estes carregam o sobrenome da pedra tal como o faz Cristo. Mas também como membros de Cristo que derivam o seu sobrenome d`Ele eles são chamados cristãos, e da pedra, Pedros.
E também em relação aos Seus outros nomes, os aplicarás a modo de sobrenome aos santos; e a todos os tais se lhes pode dizer a declaração de Jesus: «Tu és Pedro», etc., até às palavras [não] «prevalecerão contra ela». Mas o que é «ela»? É a pedra sobre a qual Cristo edifica a Igreja, ou é a própria Igreja? Pois a frase é ambígua. Ou é como se a pedra e a Igreja fossem uma mesma coisa? Eu penso que isto é o correto; pois nem contra a pedra sobre a qual Cristo edifica a Igreja, nem contra a Igreja, prevalecerão as portas do Hades...

Comentário sobre Mateus XII, 11 (ANF 10:456)

Cipriano de Cartago (c. 200- 258)

Nosso Senhor, cujos preceitos e admoestações devemos observar, descrevendo a honra de um bispo e a ordem da Sua Igreja, fala no Evangelho, e diz a Pedro: «Eu te digo, que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E te darei as chaves do reino do céu, e o que ligares na terra, será ligado no céu, e o que desligares na terra, será desligado no céu». Daí, através das mudanças de tempos e sucessões, a ordenação de bispos e o plano da Igreja flui para diante; de modo que a Igreja está fundada sobre os bispos, e cada ato da Igreja está controlado por estes mesmos governantes.

Epístolas 26:1 (ANF 5:305)

E o Senhor também no Evangelho, quando os discípulos o abandonaram enquanto ele falava, voltando-se para os doze, disse «também vós vos ireis?»; então Pedro lhe respondeu: «Senhor, para quem iremos? Tu tens a palavra da vida eterna; e cremos, e estamos seguros, de que és o Filho do Deus vivo». Aqui fala Pedro, sobre quem a Igreja havia de ser edificada, ensinando e mostrando no nome da Igreja, que ainda que uma rebelde e arrogante multidão daqueles que não querem ouvir nem obedecer possa afastar-se, ainda assim a Igreja não se afastará de Cristo; e são a Igreja aqueles que formam um povo unido ao sacerdote, e o rebanho que adere ao seu pastor.

Epístolas 68:8 (ANF 5:374)

O Senhor disse a Pedro: Digo-te (disse Ele) que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. E dar-te-ei as chaves do reino do céu, e o que ligares na terra, será ligado no céu, e o que desligares na terra, será desligado no céu (Mateus 16:18-19). A ele de novo, depois da Sua ressurreição, lhe diz: Alimenta as minhas ovelhas. E embora a todos os Apóstolos, depois da Sua ressurreição, tenha dado um igual poder, e diga, "Como o meu Pai me enviou, assim também eu vos envio: Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos (João 20:21); - todavia, para manifestar unidade, Ele por sua própria autoridade providenciou a origem dessa unidade, ao começar de um. Certamente os outros Apóstolos também eram o que era Pedro, dotados de um igual companheirismo de honra e poder; mas o começo procede da unidade. Uma Igreja que, também, no Cântico dos Cânticos, o Espírito Santo designa na pessoa de nosso Senhor, e diz: "Uma é a minha pomba, a minha imaculada; ela é a única de sua mãe, eleita dela que a concebeu" (Cantares 9:6).

Sobre a unidade da Igreja 3-4 (ANF 5:672)

Mateus 16:18 nos Padres do século IV

Afraates o Sírio (princípios do século IV)

A fé ... é como um edifício que é edificado de muitas peças de artesanato e assim a sua construção se levanta até ao topo. E sabei, meus amados, que nos fundamentos do edifício são colocadas pedras, e assim descansando sobre pedras, toda a construção se levanta até ser aperfeiçoada. Assim também a verdadeira Pedra, nosso Senhor Jesus Cristo, é o fundamento de toda a fé. E sobre Ele, sobre (esta) Pedra, se baseia a fé. E descansando sobre a fé toda a estrutura se levanta até ser completada. Pois é o fundamento que constitui o princípio de todo o edifício. Pois quando alguém é trazido para a fé, é colocado por ele sobre a Pedra, ou seja nosso Senhor Jesus Cristo. E o Seu edifício não pode ser abalado pelas ondas, nem danificado pelos ventos. Pelos embates da tormenta não cai, porque a sua estrutura está levantada sobre a rocha da verdadeira Pedra. E quando chamei Cristo a Pedra, não falei o meu próprio pensamento, mas os Profetas o chamaram de antemão a Pedra.
E agora ouvi o respeitante à fé que se baseia sobre a Pedra, e o respeitante à estrutura que se levanta sobre a Pedra ... Assim também que o homem que se torna uma casa, sim, uma morada para Cristo, preste atenção ao que é necessário para o serviço de Cristo, que se aloja nele, e com que coisas pode agradar-lhe. Pois primeiro ele constrói o seu edifício sobre a Pedra, a qual é Cristo. Sobre Ele, sobre a pedra, é edificada a fé ... Todas estas coisas demanda a fé que se baseia na rocha da verdadeira Pedra, ou seja Cristo. E se porventura dissesses: «Se Cristo está posto por fundamento, como é que Cristo também mora no edifício quando este se completa?» Pois o bendito Apóstolo disse ambas as coisas. Pois disse: «Eu como perito arquiteto pus o fundamento». E aí ele definiu o fundamento e o tornou claro, pois disse como se segue: «Nenhum homem pode pôr outro fundamento senão o que está posto, o qual é Cristo Jesus» ... E portanto se cumpre aquela palavra, que Cristo mora nos homens, a saber, naqueles que acreditam n`Ele, e Ele é o fundamento sobre o qual se levanta todo o edifício.

Demonstrações Seletas, 1:2-6,13, 19

Tiago de Nísibis (princípios do século IV)

A fé é composta e compactada de muitas coisas. É como um edifício, porque é construída e completada em muita esperança. Não ignoras que se põem grandes pedras nos fundamentos de um edifício, e então tudo o que é edificado em cima tem as pedras unidas entre si, e assim se levanta até que se completa a obra. Assim, de toda a nossa fé, nosso Senhor Jesus Cristo é o firme e verdadeiro fundamento; e sobre esta pedra é estabelecida a nossa fé. Portanto, quando alguém chega à fé, é posto sobre uma pedra firme, a qual é o nosso Senhor Jesus Cristo. E, quanto a chamar a Cristo uma pedra, não digo nada por mim mesmo, pois os profetas o chamaram antes uma pedra.

Sermão 1, Sobre a Fé 1,13

Ambrosiaster (século IV)

Paulo escreve sobre as ordens eclesiásticas; aqui se ocupa dos fundamentos da Igreja. Os profetas prepararam, os apóstolos estabeleceram os fundamentos. Pelo que o Senhor diz a Pedro: «Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja», isto é, sobre a confissão de fé católica estabelecerei em vida os fiéis. 

Comentário sobre Efésios (PL 17:380)

Eusébio de Cesareia (c. 260-340)

Contudo, não cometerás qualquer erro do âmbito da verdade se supores que «o mundo» é na realidade a Igreja de Deus, e que o seu «fundamento» é em primeiro lugar, aquela inefavelmente sólida pedra sobre a qual está fundada, como diz a Escritura: «Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela»; e em outro lado: «E a pedra era Cristo». Pois, como o Apóstolo indica com estas palavras: «Ninguém pode pôr outro fundamento senão o que está posto, o qual é Cristo Jesus». Então, também, depois do próprio Salvador, podes retamente julgar que os fundamentos da Igreja são as palavras dos profetas e dos apóstolos, de acordo com a afirmação do Apóstolo: «Edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a pedra angular».

Comentário sobre os Salmos (PG 23:173, 176)

Paulo de Constantinopla (= Paulo de Emesa, m. 350)

Sobre esta fé a Igreja de Deus foi fundada. Com esta expectativa, sobre esta pedra o Senhor Deus colocou os fundamentos da Igreja. Quando, então, o Senhor estava indo para Jerusalém, perguntou aos discípulos, dizendo: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?» Os apóstolos dizem: «Alguns que Elias, outros que Jeremias, ou um dos profetas». E Ele diz, mas vós, isto é, meus eleitos, vós que me seguistes por três anos, e vistes o meu poder, e milagres, e presenciastes eu andando sobre o mar, que partilhastes a minha mesa, «Quem dizeis que eu sou?» Instantaneamente, o Corifeu dos apóstolos, a boca dos discípulos, Pedro, «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo».

Homilia sobre a Natividade

Hilário de Poitiers (c. 315-367)

Uma crença de que o Filho de Deus é Filho só de nome, e não em natureza, não é a fé dos Evangelhos e dos Apóstolos ... por que motivo, eu pergunto, foi que o bendito Simão Bar-Jonas confessou a Ele, Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo? ... Se Ele era Filho por adoção, onde assenta a bem-aventurança da confissão de Pedro, que ofereceu um tributo ao Filho para o qual, neste caso, Ele não tinha mais direito que qualquer membro da comunidade dos santos? A fé do Apóstolo penetrou numa região fechada ao raciocínio humano... E esta é a pedra da confissão sobre a qual a Igreja é edificada ... que Cristo não deve ser somente nomeado, mas crido, como Filho de Deus.

Sobre a Trindade, VI,36 (NPNF2 9:111)

Esta fé é aquela que é o fundamento da Igreja; através desta fé as portas do inferno não podem prevalecer contra ela. Esta é a fé que tem as chaves do reino dos céus. Qualquer coisa que esta fé desatar ou ligar na terra será desatada ou ligada no céu ... A razão pela qual ele é bendito é que confessou o Filho de Deus. Esta é a revelação do Pai, este é o fundamento da Igreja, esta é a segurança da permanência dela. Daí que ela tem as chaves do reino dos céus, daí o juízo no céu e o juízo na terra...

Sobre a Trindade, VI,37 (NPNF2 9:112)

Assim o nosso único inabalável fundamento, a nossa única bendita pedra de fé, é a confissão da boca de Pedro, Tu és o Filho do Deus vivo. Sobre ela podemos basear uma resposta a toda objeção com que o engenho pervertido ou a amarga traição possam atacar a verdade.

Sobre a Trindade, II,23 (NPNF2 9: 58)

Atanásio de Alexandria (c. 297- 373)

Por isso devemos buscar antes de todas as coisas, se Ele é Filho, e sobre este ponto esquadrinhar especialmente as Escrituras; pois foi isto, quando os apóstolos foram interrogados, que Pedro respondeu, dizendo:
"Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo" ... esta é a verdade e o princípio soberano da nossa fé ... E como Ele é um fundamento, e nós pedras edificadas sobre ele ... A Igreja está firmemente estabelecida; está fundada sobre a pedra, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela ... E porque esta é a fé da Igreja, que eles de alguma maneira entendam que o Senhor enviou os Apóstolos e lhes mandou fazer disto o fundamento da Igreja.

Quatro Cartas a Serapião 1:28. 

Basílio o Grande (330-379)

E a casa de Deus, situada nos cumes das montanhas, é a Igreja segundo a opinião do Apóstolo. Pois ele diz que deve-se saber «como comportar-se na casa de Deus». Ora, os fundamentos desta Igreja estão sobre as montanhas sagradas, uma vez que está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas. Uma destas montanhas era certamente Pedro, sobre cuja pedra o Senhor prometeu edificar a sua Igreja. Verdadeiramente por certo e por maior direito são as almas sublimes e elevadas, almas que se elevam acima das coisas terrenais, chamadas «montanhas». A alma do bendito Pedro foi chamada uma alta pedra porque ele tinha um forte apoio na fé e suportou constante e valentemente os golpes infligidos pelas tentações. Todos, portanto, que adquiriram um entendimento da divindade – por causa da amplitude da mente e das ações que procedem dela - são os cumes das montanhas, e sobre eles é edificada a casa de Deus.

Comentário sobre o Profeta Isaías, 2:66 (PG 30:233)

Gregório de Nissa (c. 330-c. 395)

A calidez dos nossos louvores não se estende a Simão [Pedro] enquanto ele era um pescador; antes se estende à sua firme fé, a qual é ao mesmo tempo o fundamento de toda a Igreja.

Panegírico sobre Santo Estêvão (PG 46:733)

Ambrósio de Milão (c. 337-397)

A fé, pois, é o fundamento da Igreja, pois não foi dito da carne de Pedro (da sua pessoa), mas da sua fé, que «as portas do Hades não prevaleceriam contra ela» ... Faz um esforço, portanto, para ser uma pedra! Não procures a pedra fora de ti, mas dentro de ti! A tua pedra é a tua obra, a tua pedra é a tua mente. Sobre esta pedra é edificada a tua casa. A tua pedra é a tua fé, e a fé é o fundamento da Igreja. Se fores uma pedra, estarás na Igreja, porque a Igreja está sobre uma pedra. Se estiveres na Igreja as portas do inferno não prevalecerão contra ti.

Comentário sobre Lucas VI,98 (CSEL 32:4)

Dídimo o Cego (c. 318-398)

Quão poderosa é a fé de Pedro e a sua confissão de que Cristo é o Deus unigénito, o Verbo, o verdadeiro Filho de Deus, e não meramente uma criatura. Embora ele tenha visto a Deus sobre a terra vestido de carne e sangue, Pedro não duvidou, pois estava disposto a receber o que «carne e sangue não te revelaram». Mais, reconheceu o consubstancial e coeterno renovo de Deus, glorificando deste modo aquela raiz incriada, aquela raiz sem começo, a qual lhe havia revelado a verdade. Pedro creu que Cristo era uma mesma deidade com o Pai; e assim foi chamado bendito por aquele que é só ele o bendito Senhor. Sobre esta pedra a Igreja foi edificada, a Igreja à qual as portas do inferno –isto é, os argumentos dos hereges - não vencerão. 

Sobre a Trindade, I, I,30 (PG 39:416)

Epifânio de Salamina (c. 315-403)

Isto é, antes de tudo, porque ele confessou que «Cristo» é «o Filho do Deus vivo», e se lhe disse, «Sobre esta pedra da fé segura edificarei a minha Igreja» - pois ele claramente confessou que Cristo é o verdadeiro Filho.

Panarion, II-III

João Crisóstomo (c. 347-407)

Portanto Ele acrescentou isto, «E eu digo-te, tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; isto é, sobre a fé da sua confissão ... Pois Cristo não acrescentou nada mais a Pedro, mas como se a sua fé fosse perfeita, disse, que sobre esta confissão Ele edificaria a Igreja, porém no outro caso [João 1:49-50] não fez nada parecido, mas o contrário ...

Homilias sobre o Evangelho de João XXI,1 (NPNF 14:73)

O seu significado [1 Cor 3:11] é este: Preguei a Cristo, vos entreguei o fundamento. «Pois nenhum outro fundamento pode um homem pôr, senão aquele que está posto». Sobre este então edifiquemos, e como um fundamento adiramos a ele, como um ramo a uma vinha; e que não haja distância entre nós e Cristo.

Homilias sobre 1 Coríntios VIII, ver. 11 (NPNF 12:47)

Mateus 16:18 nos Padres do século V

Jerónimo (342-420)

Contudo, ainda que a tua grandeza me aterre, a tua amabilidade me atrai. Do sacerdote demando o cuidado da vítima, do pastor a proteção devida às ovelhas ... As minhas palavras são dirigidas ao sucessor do pescador, ao discípulo da cruz. Assim como não sigo outro líder senão Cristo, não comungo com outro senão com vossa bem-aventurança, isto é, com a cátedra de Pedro. Pois esta, eu sei, é a pedra sobre a qual é edificada a Igreja! Esta é a única casa onde o cordeiro pascal pode justamente ser comido. Esta é a arca de Noé, e quem não se encontrar nela perecerá quando prevalecer o dilúvio. 

Carta ao papa Dámaso, XV, 2 (NPNF2 6:18)

Se, então, o Apóstolo Pedro, sobre quem o Senhor fundou a Igreja, disse expressamente que a profecia e a promessa do Senhor foram naquele momento e ali cumpridas, como podemos reivindicar outro cumprimento para nós próprios? 

Epístola a Marcela XLI, 2 (NPNF2 6:55)

Porém, dizes, a Igreja foi fundada sobre Pedro: ainda que em outro lado o mesmo é atribuído a todos os Apóstolos, e eles recebem todos as chaves do reino do céu, e a força da Igreja depende de todos eles por igual, mas um dentre os doze é escolhido para que estando uma cabeça nomeada, não pudesse haver ocasião para cisma. Mas por que não foi escolhido João, que era virgem? Foi prestada deferência à idade, porque Pedro era o mais velho: alguém que era jovem, quase diria um garoto, não podia ser posto sobre homens de idade avançada; e um bom mestre que estava disposto a tirar toda a ocasião de contenda entre os seus discípulos ... não deve pensar-se que daria motivo de inveja contra o jovem que tinha amado... Pedro é um Apóstolo, e João é um Apóstolo; mas Pedro é somente um Apóstolo, enquanto João é um Apóstolo, e um Evangelista, e um profeta. Um Apóstolo, porque escreveu às Igrejas como mestre; um Evangelista, porque compôs um Evangelho, coisa que nenhum outro dos Apóstolos, exceto Mateus, fez; um profeta, porque viu na ilha de Patmos, onde tinha sido exilado pelo imperador Domiciano como um mártir do Senhor, um Apocalipse contendo os ilimitados mistérios do futuro... O escritor virgem expôs mistérios que não pôde expor o casado, e para resumir brevemente tudo e mostrar quão grande foi o privilégio de João, a Mãe virgem foi confiada pelo Senhor virgem ao discípulo virgem.

Contra Joviniano I, 26 (NPNF2 6:366)

O único fundamento que o arquiteto apostólico pôs é nosso Senhor Jesus Cristo. Sobre este estável e firme fundamento, que foi depositado sobre terreno sólido, é edificada a Igreja de Cristo ... Pois a Igreja foi fundada sobre uma pedra ... sobre esta pedra o Senhor estabeleceu a sua Igreja; e o Apóstolo Pedro recebeu o seu nome desta pedra (Mt 16,18) ... Ela, que com uma firme raiz está fundada sobre a pedra, Cristo, a Igreja católica, é a única pomba; ela se ergue como a perfeita, e perto da Sua mão direita, e nada sinistro tem nela ... A pedra é Cristo, que concedeu aos seus apóstolos que eles também fossem chamados pedras, «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja».

Comentário sobre Mateus 7:25; Epístola 65:15; Sobre Amós VI,12-13

Paládio de Helenópolis (c. 365-425)

«Vós, porém, quem dizeis que eu sou?» Nem todos responderam, mas somente Pedro, interpretando a mente de todos: «Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo». O Salvador, aprovando a correção desta resposta, falou, dizendo: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra» - isto é, sobre esta confissão - «edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela».

Diálogo sobre a vida de João Crisóstomo (PG 47:48)

Nilo de Ancira (m. 430)

Se, além disso, um homem do Senhor é significado, o primeiro a ser comparado com o ouro seria Cefas, cujo nome é interpretado «pedra». Este é o mais alto dos Apóstolos, Pedro, também chamado Cefas, que forneceu na sua confissão de fé o fundamento para a edificação da Igreja.

Comentário sobre o Cântico dos Cânticos (PG 87 [ii]: 1693)

Agostinho de Hipona (354-430) 

Pois se a sucessão linear de bispos for tomada em conta, com quanto mais certeza e benefício para a Igreja podemos contar para trás até chegarmos ao próprio Pedro, a quem, como transportando numa figura toda a Igreja, o Senhor disse: «Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela»! O sucessor de Pedro foi Lino, e os seus sucessores numa continuidade inquebrantada foram estes...

Epístola a Generoso, LIII,2 (NPNF2 12:298)

O Evangelho que acaba de ser lido … nos dá a entender que o mar é o mundo presente, e o Apóstolo Pedro o tipo da única Igreja. Pois Pedro, primeiro na ordem dos Apóstolos, e no amor de Cristo mais avançado, responde muitas vezes sozinho por todo o resto. De novo, quando o Senhor Jesus Cristo perguntou, "Mas quem dizeis vós que eu sou?" Pedro respondeu "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Um deu a resposta por muitos, Unidade na multiplicidade. Então lhe disse o Senhor, "Bendito és tu, Simão Bar-Jonas, porque carne e sangue não to revelou, mas meu Pai que está no céu". Então acrescentou "E eu te digo a ti". Como se Ele tivesse dito, "Porque tu mo disseste a mim, «és o Cristo, o Filho do Deus vivo», eu também te digo «Tu és Pedro»". Pois antes ele era chamado Simão. Ora, este nome de Pedro lhe foi dado pelo Senhor, e isso numa figura, que deveria significar a Igreja. Pois vendo que Cristo é a Pedra (Petra), Pedro é o povo cristão. Pois a pedra (Petra) é o nome original. Portanto, Pedro é chamado assim a partir da pedra, não a pedra a partir de Pedro; como Cristo não é chamado Cristo a partir do cristão, mas o cristão a partir de Cristo. "Portanto", disse, "tu és Pedro; e sobre esta Pedra" que tu confessaste, sobre esta Pedra que reconheceste, dizendo "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, edificarei a minha Igreja;" ou seja sobre Mim, o Filho do Deus vivo, "edificarei a minha Igreja." Eu te edificarei a ti sobre mim, não a mim sobre ti.

A seguir Agostinho trata do incidente registado uns poucos versículos mais à frente, em Mateus 16:22ss, onde quando o Senhor anuncia a sua paixão, Pedro tenta persuadi-lo, e Jesus lhe diz "Para trás de mim, Satanás, porque me serves de tropeço". O bispo de Hipona prossegue:

Distingamos, vendo-nos a nós próprios neste membro da Igreja, o que é de Deus e o que é nosso. Pois então não vacilaremos, então estaremos fundados sobre a Pedra, então estaremos fixos e firmes contra os ventos, e tormentas, e correntes, as tentações, quero dizer, deste mundo presente. No entanto vede este Pedro, que era então nossa figura; ora confia, ora vacila; ora confessa o Imortal, ora teme que Ele morra. Porquê? Porque a Igreja de Cristo tem tanto fracos como fortes ... Quando Pedro disse "Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo" representa os fortes; mas quando vacila, e não admite que Cristo possa sofrer, ao temer a morte d`Ele, e não reconhece a vida, ele representa os fracos da Igreja. Naquele único Apóstolo então, ou seja, Pedro, na ordem dos Apóstolos primeiro e principal, em quem a Igreja estava figurada, ambos os tipos estavam representados, ou seja, tanto os fortes como os fracos; porque a Igreja não existe sem ambos.

Sermão 26. 

Cristo, como vês, edificou a sua Igreja não sobre um homem mas sobre a confissão de Pedro. Qual é a confissão de Pedro? «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo». Aqui está a pedra para ti, aqui está o fundamento, aqui é onde a Igreja foi edificada, a qual as portas do submundo não podem conquistar.

Sermão 229P.1

Daí que Ele admoeste assim a Pedro quando este lhe deu mau conselho. Pois o Senhor, quando estava prestes a sofrer pela nossa salvação, também anunciou o que haveria de ocorrer relativamente a essa mesma Paixão; e Pedro diz, «Longe esteja isto de Ti!, Deus não o permita!, Isto não acontecerá!» ... Mas o Senhor, para fazer que não fosse à frente d`Ele, mas seguindo após Ele, diz, «Para trás de mim, Satanás!» É por esta razão que disse «Satanás», porque estás pretendendo ir à frente d`Ele, a quem deves seguir; mas se estiveres atrás, se o seguires a Ele, não serás daqui em diante «Satanás». E daí? «Sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja». 

Exposições sobre Salmos 40:24 (NPNF 8:127)

Mas imediatamente quando o Senhor começou a falar da Sua Paixão, ele temeu que perecesse pela morte, enquanto nós próprios pereceríamos se Ele não morresse; e disse: «Longe de ti, ó Senhor, esta coisa não há de ser feita». E o Senhor, àquele a quem pouco antes tinha dito, «Bendito és tu, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja», lhe disse, «Para trás de mim, Satanás, porque és uma ofensa para mim». Por que então é «Satanás» aquele que pouco antes era «bendito» e uma «Pedra»? «Porque não cuidas das coisas que são de Deus», disse Ele, «mas sim das coisas que são do homem». Um pouco antes ele cuidava das coisas que são de Deus: porque «não to revelou carne nem sangue, mas meu Pai que está nos céus». Quando [Pedro estava] em Deus, louvou o seu discurso, não Satanás mas Pedro, de petra; mas quando [estava] em si mesmo e desde a enfermidade humana, o amor carnal do homem, o qual seria um impedimento para a sua própria salvação, e a do resto, é chamado Satanás. Porquê? Porque pretendia ir à frente do Senhor, e dar conselho terrenal ao Líder celestial... Tu dizes, «Longe esteja» e tu dizes, «Ó Senhor»; certamente se Senhor é Ele, sabe o que faz, sabe o que diz. Mas tu desejas guiar o teu Líder, ensinar o teu mestre, mandar no teu Senhor, escolher por Deus: foste demasiado longe, retrocede...

Exposições sobre Salmos 56:14 (NPNF 8:222-223)

Se n`Ele formos tentados, n`Ele podemos vencer o diabo ... «Sobre a Pedra me exaltaste». Agora, pois, aqui percebemos quem está clamando desde os confins da terra. Tragamos à mente o Evangelho: «Sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja». Portanto clama desde os confins da terra Ela, que Ele tinha querido que fosse edificada sobre uma Pedra. Mas para que a Igreja pudesse ser edificada sobre a Pedra, quem foi feito tal Pedra? Escuta Paulo dizendo: «Mas a Pedra era Cristo». Sobre Ele portanto fomos edificados. Por esta razão essa Pedra sobre a qual fomos edificados, primeiro foi açoitada com ventos, inundações, chuvas, quando Cristo estava sendo tentado pelo diabo. Vê sobre que firmeza Ele quis estabelecer-te. Com razão a nossa voz não é em vão, mas é ouvida com atenção: pois em grande esperança fomos firmados: «Sobre a Pedra me exaltaste».

Exposições sobre Salmos 61:3 (NPNF 8:249)

Cirilo de Alexandria (m. 444)

Mas por que dizemos que eles são «fundamentos da terra»? Pois Cristo é o fundamento e a base inabalável de todas as coisas ... Mas os seguintes fundamentos, aqueles mais próximos de nós, pode entender-se que são os apóstolos e evangelistas, aquelas testemunhas oculares e ministros da Palavra que foram levantados para o fortalecimento da fé. Pois quando reconhecemos que as suas próprias tradições devem ser seguidas, servimos a uma fé que é verdadeira e não se desvia de Cristo. Pois quando [Pedro] sábia e irrepreensivelmente confessou a sua fé a Jesus dizendo, «Tu és Cristo, Filho do Deus vivo», Jesus disse ao divino Pedro, «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja». Ora, pela palavra «pedra» Jesus indicou, penso eu, a inamovível fé do discípulo...

Comentário sobre Isaías IV,2 (PG 70:940)

«E eu digo-te, tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela». O apodo, creio, chama a nada mais senão à inabalável e mui firme fé do discípulo «uma pedra», sobre a qual a Igreja foi fundada e feita firme e permanece continuamente inexpugnável mesmo em relação às próprias portas do inferno.

Diálogo sobre a Trindade IV (PG 75:866)

Isidoro de Pelúsio (m. 450)

Cristo, que esquadrinha os corações, perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que eu, o Filho do Homem, sou?». Não porque não soubesse as diversas opiniões dos homens acerca de Ele próprio, mas estava desejoso de ensinar a todos a mesma confissão que Pedro, inspirado por Ele, pôs como a base e fundamento, sobre a qual o Senhor edificou a sua Igreja.

Epístola 253

Teodoreto de Ciro (c. 393- c. 458)

Que ninguém nesciamente suponha que o Cristo é qualquer outro senão o Filho unigénito. Não nos imaginemos mais sábios que o dom do Espírito. Escutemos as palavras do grande Pedro, «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo». Escutemos o Senhor Cristo confirmando esta confissão, pois «Sobre esta pedra», diz, «edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela». Portanto também o sábio Paulo, excelentíssimo arquiteto das igrejas, não fixou outro fundamento senão este. «Eu», diz, «como sábio arquiteto pus o fundamento, e outro edifica sobre ele. Mas que cada um veja como edifica sobre ele. Pois nenhum homem pode pôr outro fundamento senão o que está posto, o qual é Jesus Cristo». ... Portanto nosso Senhor Jesus Cristo permitiu ao primeiro dos apóstolos, cuja confissão Ele tinha fixado como uma espécie de alicerce e fundamento da Igreja, que vacilasse, e que o negasse, e então o levantou de novo ... Certamente ele está chamando à fé piedosa e à confissão verdadeira uma «pedra». Pois quando o Senhor perguntou aos seus discípulos quem dizia o povo que ele era, o bendito Pedro falou, dizendo «Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo». Ao que o Senhor respondeu: «Em verdade, em verdade te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela».

Epístola 146; 77; Comentário ao Cântico dos Cânticos, II,14. (NPNF2 3)

Basílio de Selêucia (m. cerca de 459)

Em obediência a língua de Pedro se pôs em movimento e apesar de ignorante da doutrina, forneceu uma resposta: «Tu és Cristo, Filho do Deus vivo»... Ora Cristo chamou a esta confissão uma pedra, e nomeou quem a confessou «Pedro», percebendo a alcunha como apropriada para o autor desta confissão. Pois esta é a pedra solene da religião, esta é a base da salvação, esta é o muro da fé e o fundamento da verdade: «Pois ninguém pode pôr outro fundamento senão o que está posto, o qual é Cristo Jesus».

Oração XXV,4 (PG 85:297-298)

Leão I Magno (papa 440-461)

Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador da humanidade, instituiu a observância da religião divina, a qual Ele quis que pela graça de Deus derramasse o seu brilho sobre todas as nações e todos os povos de tal forma que a Verdade, que antes estava confinada ao anúncio da Lei e dos Profetas, pudesse através do som da trombeta dos Apóstolos sair para a salvação de todos os homens, como está escrito: «Por toda a terra saiu o som deles, e as suas palavras até os confins do mundo». Mas este sacramento misterioso o Senhor desejou que fosse a ocupação de todos os Apóstolos, mas de tal forma que Ele pôs o cargo principal no bendito Pedro, chefe de todos os Apóstolos; e dele como da Cabeça deseja que os seus dons fluam para todo o corpo; de modo que qualquer um que se atreve a separar-se da sólida pedra de Pedro possa entender que não tem parte nem porção no mistério divino. Pois Ele desejou que aquele que tinha sido recebido em companheirismo na Sua unidade indivisa que fosse nomeado como Ele próprio o foi, quando disse: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja»; para que a edificação do templo eterno pelo dom maravilhoso da graça de Deus pudesse descansar sobre a sólida pedra de Pedro: fortalecendo a Sua Igreja tão certamente que nem a precipitação humana poderá assaltá-la, nem as portas do inferno poderão prevalecer contra ela. Mas esta santíssima firmeza da pedra, levantada, como dissemos, pela mão edificadora de Deus, um homem tem de desejar destrui-la em extrema impiedade quando tenta quebrar o poder dela, favorecendo os seus próprios desejos, e não seguindo o que ele recebeu dos antigos...

Epístola aos bispos da Província de Viena, X (NPNF2 12:8-9)

E quando eles registaram as várias opiniões de outras pessoas, Ele disse, «Mas vós, quem dizeis que eu sou?» ... Perante isto o bendito Pedro, cuja confissão divinamente inspirada estava destinada a beneficiar todas as nações, disse, «Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo». E não imerecidamente foi ele declarado bendito pelo Senhor, tomando da pedra angular principal a solidez do poder que o seu nome também expressa, ele, que, através da revelação do Pai, confessou-lhe ser ao mesmo tempo Cristo e Filho de Deus...

Carta a Flaviano, XXVIII, 5 (NPNF2 12:41-42)

E se Êutiques tivesse crido isto inteligente e totalmente, nunca se teria retirado do caminho desta Fé. Pois Pedro recebeu esta resposta do Senhor por sua confissão: «Bendito és tu, Simão Bar-Jonas; pois carne e sangue não to revelou, mas meu Pai que está no céu. E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela». Mas o que tanto rejeita a confissão do bendito Pedro como contradiz o Evangelho de Cristo, está muito longe da união com este edifício; pois se mostra a si mesmo como nunca tendo tido nenhum zelo para entender a Verdade, e ter apenas a aparência vazia de alta estima, que não adornou as cãs da velhice com algum juízo maduro do coração. 

Carta ao Sínodo de Éfeso XXXIII, 1 (NPNF2 12: 47)

Uma vez que, portanto, a Igreja universal tornou-se uma pedra (petra) através da edificação da Pedra original, e o primeiro dos Apóstolos, o beatíssimo Pedro, ouviu a voz do Senhor dizendo, «Tu és Pedro, e sobre esta pedra (petra) edificarei a minha Igreja», quem é que se atreve a assaltar tal fortaleza inexpugnável, a não ser o anticristo ou o diabo, que, permanecendo inconverso na sua impiedade, está ansioso por semear mentiras mediante os vasos da ira que são apropriados para a sua perfídia, enquanto sob o falso nome de diligência pretende estar em busca da Verdade.

Carta a Leão César CLVI, 2 (NPNF2 12:100)

E do Seu governo e proteção eterna recebemos também o apoio da ajuda dos Apóstolos, a qual certamente não cessa em sua operação; e a força do fundamento, sobre o qual se levanta toda a superstrutura da Igreja, não se debilita pelo peso do templo que descansa sobre ele. Pois a solidez daquela fé que foi louvada no chefe dos Apóstolos é perpétua; e como permanece o que Pedro creu em Cristo, assim permanece o que Cristo instituiu em Pedro. Pois quando, como se leu na lição do Evangelho, o Senhor perguntou aos discípulos quem criam eles que Ele era, entre as variadas opiniões sustentadas, e o bendito Pedro respondeu, dizendo, «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo», o Senhor diz, «Bendito és tu, Simão Bar-Jonas, porque carne e sangue não to revelou, mas meu Pai que está no céu. E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus. E o que ligares na terra, será ligado no céu; e o que desligares na terra, será desligado também no céu».
A dispensação da Verdade portanto permanece, e o bendito Pedro perseverando na força da Pedra, que ele recebeu, não abandonou o leme da Igreja, que ele tomou. Pois ele foi ordenado antes do resto de tal forma a ser chamado a Pedra, a ser pronunciado o Fundamento, a ser constituído o Porteiro do reino dos céus, a ser colocado como Árbitro para ligar e desligar, cujos juízos reteriam a sua validade no céu, por todos estes títulos místicos podemos conhecer a natureza da sua associação com Cristo. E ainda hoje ele mais plena e efetivamente desempenha o que lhe está confiado, e realiza cada parte da sua obrigação e encargo n`Ele e com Ele, através de Quem foi glorificado. E assim, se qualquer coisa é corretamente feita e corretamente decretada por nós, se qualquer coisa é ganha da misericórdia de Deus por nossas súplicas diárias, é por sua obra e mérito cujo poder vive e cuja autoridade prevalece na sua Sede. Pois isto, amadíssimos, foi ganho por aquela confissão, a qual, inspirada no coração do Apóstolo por Deus o Pai, transcendeu toda a incerteza das opiniões humanas, e foi dotada com a firmeza de uma pedra, a qual nenhum assalto poderia abalar. Pois em toda a Igreja Pedro diariamente diz: «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo», e toda a língua que confessa o Senhor aceita a instrução que a sua voz transmite. Esta Fé conquista o diabo, e rompe as ataduras dos seus prisioneiros. Arranca-nos desta terra e planta-nos no céu, e as portas do Hades não podem prevalecer contra ela. Pois com tal solidez está dotada por Deus que a depravação dos heréticos não pode danificá-la nem a incredulidade dos gentios vencê-la.

Sermão III , 2-3 (NPNF2 12:117)

E justamente foi o bendito Apóstolo Pedro louvado por confessar esta união, que quando o Senhor estava inquirindo o que conheciam d`Ele os discípulos, rapidamente se antecipou ao resto e disse, «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo». E isto certamente viu, não pela revelação de carne ou sangue, que poderiam ter dificultado a sua visão interior, mas pelo próprio Espírito do Pai operando no seu coração crente, para que em preparação para governar toda a Igreja ele pudesse primeiro aprender o que haveria de ensinar, e para a solidificação da Fé, a qual estava destinado a pregar, pudesse receber esta garantia, «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela». Esta força, portanto, da Fé cristã, a qual, edificada sobre uma pedra inexpugnável não teme as portas da morte, reconhece o único Senhor Jesus Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, acreditando igualmente que ele é o Filho da Virgem, que é o Criador da sua Mãe; nascido também no final dos tempos, embora seja o Criador do tempo; Senhor de todo poder, e ainda assim mortal; ignorante do pecado, e ainda assim sacrificado pelos pecadores à semelhança da carne pecaminosa.

Sermão sobre a Paixão, XI Sermão LXII, 2 (NPNF2 12:174)

Mateus 16:18 nos séculos VI a IX

Cassiodoro (c. 485- c. 580)

«Não será abalada» diz-se acerca da Igreja à qual somente essa promessa foi dada: «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela». Pois a Igreja não pode ser abalada porque se sabe que foi fundada sobre a pedra mais sólida, a saber, Cristo o Senhor ... Deste «fundamento», é inferido corretamente Cristo, que é uma pedra inabalável e uma pedra inexpugnável. Acerca disto diz o Apóstolo: «Pois nenhum outro fundamento pode algum homem pôr senão aquele que já está posto, o qual é Cristo Jesus».

Exposições sobre os Salmos 45:5 (PL 70:330)

Gregório I Magno (nascido c. 540; papa 590-604)

Mas uma vez que não é a minha causa, mas a de Deus, uma vez que as leis piedosas, uma vez que os veneráveis sínodos, uma vez que os próprios mandamentos de nosso Senhor Jesus Cristo são transtornados pela invenção de uma certa orgulhosa e pomposa frase, que seja o piedosíssimo senhor a cortar o lugar da chaga, e prenda o paciente remisso nas cadeias da augusta autoridade. Pois ao atar estas coisas justamente alivias a república; e, enquanto cortas estas coisas, provês o alargamento do teu reinado. 
Pois a todos os que conhecem o Evangelho lhes é evidente que pela voz do Senhor o cuidado de toda a Igreja foi confiado ao santo Apóstolo e Príncipe de todos os Apóstolos, Pedro. Pois a ele se diz, «Pedro, amas-me? Apascenta as minhas ovelhas». A ele é dito, «Eis que Satanás desejou peneirar-vos como trigo; e eu orei por ti, Pedro, para que a tua fé não desfaleça. E tu, quando te converteres, fortalece os teus irmãos». A ele se diz, «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino do céu; e o que ligares na terra será também ligado no céu; e o que desligares na terra, será desligado também no céu».
Eis que ele recebeu as chaves do reino celestial, e lhe é dado poder para ligar e desligar, lhe é confiado o cuidado e a principalidade de toda a Igreja, e ainda assim ele não é chamado o Apóstolo universal; enquanto o santíssimo homem, o meu companheiro sacerdote João, pretende ser chamado bispo universal. Estou forçado a gritar e dizer Oh tempos, oh costumes!
Eis que todas as coisas nas regiões da Europa são entregues ao poder dos bárbaros, as cidades são destruídas, os campos arrasados, as províncias despovoadas, nenhum lavrador habita a terra, os adoradores de ídolos prevalecem e dominam para a matança dos fiéis, e ainda assim sacerdotes, que deveriam chorar jazendo no chão e em cinzas, buscam para si nomes de vanglória, e se gloriam em títulos novos e profanos.
Defendo eu a minha própria causa neste assunto, piedosíssimo senhor? Ressinto que se me tenha feito mal a mim especialmente? Não, a causa de Deus Omnipotente, a causa da Igreja universal. 
Quem é este que, contra as ordenanças evangélicas, contra os decretos dos cânones, ousa usurpar para si um novo nome? O teria se realmente por si mesmo fosse, se pudesse ser sem nenhuma diminuição dos outros – ele que cobiça ser universal. 
E certamente sabemos que muitos sacerdotes da Igreja de Constantinopla caíram na voragem da heresia ... Se então qualquer um nessa Igreja toma para si esse nome, pelo qual se faz a cabeça de todo o bem, segue-se que a Igreja universal cai do seu pedestal (o que não permita Deus) quando aquele que é chamado universal cai. Mas longe dos corações cristãos esteja esse nome de blasfémia, no qual é tirada a honra de todos os sacerdotes, no momento em que é loucamente arrogado para si por um (só).
Certamente, em honra de Pedro, Príncipe dos Apóstolos, foi oferecido pelo venerável sínodo de Calcedónia ao romano pontífice. Mas nenhum deles jamais consentiu usar este nome de singularidade, para que, por algo que se dá peculiarmente a um, os sacerdotes em geral não sejam privados da honra que lhes é devida. Como é que então nós não buscamos a glória deste título mesmo quando é oferecido, e outro ousa arrebatá-lo para si próprio embora não se lhe ofereça?

Epístola XX a Maurício César (NPNF 2 12:170-171)

Isidoro de Sevilha (c. 560-636)

Pedro transporta o caráter da Igreja, o qual tem o poder de perdoar pecados e de levar os homens desde o Hades até o reino celestial ... Todos os Apóstolos também transportam o tipo da Igreja inteira, uma vez que eles também receberam um poder igual de perdoar pecados. Eles transportam também o caráter dos patriarcas, os quais pela palavra da pregação espiritualmente engendraram o povo de Deus em todo o mundo ... 

Alegorias no Novo Testamento (PL 83:117-118)

O homem sábio que edificou a sua casa sobre a pedra significa o mestre fiel, que estabeleceu os fundamentos da sua doutrina e vida sobre Cristo ... Além disso, Cristo é chamado um «fundamento» porque a fé é estabelecida nele, e porque a Igreja católica é edificada sobre ele.

Etimologias VII,2 (PL 82:267)

Beda o Venerável (c. 673-735)

Tu és Pedro e sobre esta pedra da qual tomaste o teu nome, ou seja, sobre mim mesmo, edificarei a minha Igreja, sobre essa perfeição de fé que tu confessaste edificarei a minha Igreja de cuja sociedade de confissão se alguém se desviar ainda que em si mesmo pareça fazer grandes coisas, ele não pertence ao edifício da minha Igreja. ... Metaforicamente é dito a ele que a Igreja há de ser edificada sobre esta pedra, ou seja, o Salvador que tu confessaste, que concedeu participação ao fiel confessor do seu nome.

Homilias 23 (PL 94:260)

João de Damasco (c. 675-c. 749)

E Pedro, inflamado por um ardente zelo e incitado pelo Espírito Santo, replicou: «Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo». Oh, bendita boca! Perfeitos, benditos lábios! Oh, alma teológica! Mente preenchida por Deus e feita digna pela instrução divina! Oh, divino órgão pelo qual Pedro falou! Justamente és bendito, Simão filho de Jonas ... porque nem carne nem sangue nem mente humana, mas meu Pai no céu revelou esta divina e misteriosa verdade a ti. Pois ninguém conhece o Filho, senão aquele que é conhecido por ele ... Esta é a firme e inamovível fé sobre a qual, como sobre a pedra cujo sobrenome carregas, a Igreja está fundada. Contra esta as portas do inferno, as bocas dos hereges, as máquinas dos demónios – pois eles haverão de atacar - não prevalecerão. Eles pegarão em armas mas não vencerão. 

Homilia sobre a Transfiguração (PG 96:554-555)

Pascásio Radberto (c. 785-860)

Há uma resposta de todos sobre os quais a Igreja é fundada e contra os quais as portas do inferno não prevalecerão ... Tão grande fé não surge exceto da revelação de Deus o Pai e da inspiração do Espírito Santo de modo que qualquer um que tenha fé, como uma pedra firme, é chamado Pedro ... Deve notar-se que qualquer um dos fiéis é uma pedra na medida em que é um imitador de Cristo e é luz na medida em que é iluminado pela luz e por isso a Igreja de Cristo está fundada sobre esses na medida em que eles são fortalecidos por Cristo. De modo que não só sobre Pedro mas sobre todos os Apóstolos e os sucessores dos Apóstolos é edificada a Igreja de Deus. Mas estas montanhas são primeiro edificadas sobre a montanha, Cristo, elevada acima de todas as montanhas e colinas .... Esta é certamente a verdadeira e inviolável fé dada a Pedro por Deus o Pai, a qual afirma que se não tivesse havido sempre um Filho não teria havido sempre um Pai, fé sobre a qual a Igreja toda está fundada e permanece firme, crendo que Deus é o Filho de Deus.

Comentário sobre Mateus (PL 120:561, 555-556)


Fernando Saraví
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