segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Dois bispos de Roma que não conheciam a Tradição apostólica e estão sob o anátema do concílio de Trento


No entanto,
O bispo de Roma Inocêncio I, numa carta ao bispo de Tolosa, Exupério, dá em 405 uma lista de livros do AT que inclui os apócrifos/deuterocanónicos com 1 Esdras que não é considerado canónico pela Igreja de Roma.
Gregório Magno, bispo de Roma (590-604) insistia na distinção entre livros canónicos e eclesiásticos:
Em relação a tal particular não estamos a agir irregularmente, se dos livros, ainda que não canónicos, no entanto outorgados para a edificação da Igreja, extraímos testemunho. Assim, Eleázar na batalha feriu e derribou o elefante, mas caiu debaixo da própria besta que tinha matado [1 Macabeus 6:46].
Library of the Fathers of the Holy Catholic Church, 2:424; negrito acrescentado.
Portanto, estes dois bispos de Roma não conheciam a Tradição apostólica, que os católicos dizem que fez a Igreja discernir o cânon, que foi proclamado no Concílio de Trento.
Mas, a verdadeira Tradição apostólica está registada nas Escrituras, e diz o seguinte:
"Que vantagem, pois, tem o judeu? ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em todo sentido; primeiramente, porque lhes foram confiados os oráculos de Deus. Pois quê? Se alguns foram infiéis, porventura a sua infidelidade anulará a fidelidade de Deus? De modo nenhum; antes seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado" (Romanos 3:3-4).
Por conseguinte, a verdadeira Tradição apostólica, diz que foi aos Judeus que a revelação do Antigo Testamento foi confiada. Logo, as Escrituras do Antigo Testamento devem ser as do cânon hebraico. Mesmo que alguns bispos digam o contrário.
A Tradição apostólica que fez a Igreja Romana discernir o cânon é espúria, não veio dos apóstolos, e por isso o cânon do Antigo Testamento que discerniram não é o hebraico, como diz que deve ser a verdadeira Tradição apostólica.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Agostinho sobre infalibilidade


Agostinho (354-430): Só Deus jura de forma segura, porque só Ele é infalível.

NPNF1: Vol. VIII, St. Augustin on the Psalms, Psalm 89, § 4.

Texto latino: Deus solus securus jurat, quia falli non potest.

Ver em Psalmum LXXXVIII Enarratio, Sermo I, PL 37:1122.

Agostinho (354-430): Mas a autoridade humana muitas vezes falha.

FC, Vol. 5, Saint Augustine On Divine Providence and the Problem of Evil, Book 2, Chapter 9, §27 (New York: CIMA Publishing Co., Inc., 1948), p. 305.

Texto latino: Humana vero auctoritas plerumque fallit. De Ordine, Liber Secundus, Caput IX, §27, PL 32:1008.

Agostinho (354-430): Uma vez que então, Deus, em cuja eternidade não há mudança alguma, é o Criador e Ordenador do tempo, eu não vejo como se possa dizer que Ele criou o mundo depois de decorridos espaços de tempo, a não ser que se possa dizer que antes do mundo havia alguma criatura por cujo movimento o tempo poderia passar. E se as Sagradas e infalíveis Escrituras dizem que no princípio Deus criou os céus e a terra, para que se possa entender que Ele nada tinha feito previamente – porque se Ele tivesse feito alguma coisa antes do resto, esta coisa seria dita ter sido feita "no princípio" - então seguramente o mundo foi feito, não no tempo, mas simultaneamente com o tempo. Porque o que é feito no tempo é feito depois e antes de algum tempo - depois do que é passado, antes do que é futuro.

NPNF1: Vol. II, The City of God, Book XI, Chapter 6.

Texto latino: Cum igitur Deus, in cujus aeternitate nulla est omnino mutatio, creator sit temporum et ordinator, quomodo dicatur post temporum spatia mundum creasse, non video; nisi dicatur ante mundum jam aliquam fuisse creaturam, cujus motibus tempora currerent. Porro si Litterae sacrae maximeque veraces ita dicunt, in principio fecisse Deum coelum et terram, ut nihil antea fecisse intelligatur, quia hoc potius in principio fecisse diceretur, si quid fecisset ante caetera cuncta quae fecit; procul dubio non est mundus factus in tempore, sed cum tempore. Quod enim fit in tempore, et post aliquod fit, et ante aliquod tempus; post id quod praeteritum est, ante id quod futurum est: De Civitate Dei, Liber Undecimus, Caput VI, PL 41:321-322.

Agostinho (354-430): Quando o homem é devidamente compreendido (ou, se isso não for possível, então, pelo menos, crido) ser feito à imagem de Deus, sem dúvida que é essa parte dele que o eleva acima das partes inferiores que tem em comum com os animais, a qual o traz para mais perto do Supremo. Mas visto que a sua mente, embora, naturalmente, capaz da razão e inteligência está desabilitada por vícios repreensíveis e inveterados não apenas para unir-se com seu Senhor gozando de Deus, mas também para tolerar a sua luz imutável, até que tenha sido gradualmente curada, e renovada, e capacitada de tal felicidade, tinha, em primeiro lugar, de ser impregnada com fé, e assim purificada. E para que nessa fé possa avançar o mais confiadamente para a verdade, a própria verdade, Deus, o Filho de Deus, assumindo a humanidade sem destruir a Sua divindade, estabeleceu e fundou esta fé, que pode haver um caminho para o homem para o Deus do homem através de um Deus-homem. Pois este é o Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. Pois é como homem que Ele é o Mediador e o Caminho. Porque, se o caminho repousa entre aquele que vai, e o lugar para onde ele vai, há esperança de alcançá-lo, mas se não há caminho, ou se ele não sabe onde está, de que serve saber para onde ele deve ir? Ora, o único caminho que é infalivelmente seguro contra todos os erros, é quando a mesma pessoa é ao mesmo tempo Deus e homem, Deus o nosso fim, homem o nosso caminho.

NPNF1: Vol. II, The City of God, Book XI, Chapter 2.

Texto latino: Hic est enim mediator Dei et hominum homo Christus Jesus. Per hoc enim mediator, per quod homo; per hoc et via. Quoniam si inter eum qui tendit et illud quo tendit, via media est, spes est perveniendi: si autem desit, aut ignoretur qua eundum sit, quid prodest nosse quo eundum sit? Sola est autem adversus omnes errores via munitissima, ut idem ipse sit Deus et homo: quo itur, Deus; qua itur, homo. De Civitate Dei, Liber Undecimus, Caput II, PL 41:318.

Agostinho (354-430): Deixe-me, portanto, dizer em poucas palavras à sua Caridade, que o presbítero Bonifácio não foi achado por mim culpado de qualquer crime, e que eu nunca acreditei, e ainda não acredito, em qualquer acusação contra ele. Como, então, poderia ordenar que o seu nome fosse excluído do rol de presbíteros, quando plenamente avisado pela palavra de nosso Senhor no evangelho: "Com o juízo com que julgais, sereis julgados". Pois, vendo que a disputa que surgiu entre ele e Spes foi por seu consentimento submetida à arbitragem divina de uma forma que, se desejar, lhe pode ser dada a conhecer, quem sou eu, para ter a presunção de antecipar a deliberação divina excluindo ou suprimindo o seu nome? Como bispo, eu não devia precipitadamente suspeitar dele, e como sou apenas um homem, eu não posso decidir infalivelmente sobre coisas que estão escondidas de mim. Mesmo em assuntos seculares, quando um apelo é feito para uma autoridade superior, todo o procedimento persiste enquanto o caso aguarda a decisão da qual não há apelo, porque se alguma coisa for alterada enquanto o assunto está dependente da sua arbitragem, isto seria um insulto para o tribunal superior. E como é grande a distância entre mesmo a mais alta autoridade humana e a divina!

NPNF1: Vol. I, Letters of St. Augustin, Letter 77 - To, §2.

Texto latino: Breviter itaque dico Charitati vestrae, Bonifacium presbyterum in nullo crimine apud me fuisse detectum, nequaquam me de illo tale aliquid credidisse vel credere. Quomodo ergo juberem de numero presbyterorum nomen ejus auferri, vehementer terrente Evangelio ubi Dominus ait: In quo judicio judicaveritis, judicabimini Cum enim causa quae inter illum et Spem exorta est, sub divino examine pendeat secundum placitum eorum, quod vobis si volueritis poterit recitari; quis ego sum, ut audeam Dei praevenire sententiam in delendo vel supprimendo ejus nomine, de quo nec suspicari temere mali aliquid episcopus debui, nec dilucide judicare homo de occultis hominum potui, cum in ipsis causis saecularibus, quando ad majorem potestatem refertur arbitrium judicandi, manentibus sicuti erant omnibus rebus, exspectetur illa sententia, unde jam non liceat provocari, ne superiori cognitori fiat injuria, si ejus pendente judicio aliquid fuerit commutatum? Et utique multum interest inter divinam et humanam quamlibet excelsissimam potestatem. Domini Dei nostri misericordia nunquam vos deserat, domini dilectissimi et honorandi fratres. Epistola LXXVII, §2, PL 33:266-267.

Conclusão:

Como podemos constatar Agostinho faz uso do termo "infalível" nos seus escritosSeria de esperar que ele o usasse em algum lugar para descrever a Igreja ou o bispo de Roma se acreditasse que estas entidades eram infalíveis. Mas o uso do termo “infalível” nos escritos de Agostinho é apenas encontrado para descrever Deus e as Escrituras. Em lado nenhum se encontra ele a descrever o Papa ou a Igreja como “infalível”.

De modo que, isto nos deixa entender que para Agostinho, as únicas entidades que ele acreditava serem “infalíveis”, eram Deus e as Escrituras.
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