O número de sete sacramentos data de meados do século XII, especialmente por influência de Pedro Lombardo (1100-1160) e foi definido por Roma como a posição ortodoxa no concílio de Florença, em 1439, menos de um século antes da Reforma. O número preciso de sete sacramentos (incluída a confissão auricular [1]) não foi definido dogmaticamente até ao Concílio de Trento.
A posição católica romana sobre os sacramentos foi, pois, formulada inicialmente por Pedro Lombardo que efetuou uma síntese (na época havia quem dizia que havia mais do que sete e quem dizia que havia menos do que sete) que depois recebeu sanção conciliar. Como é óbvio, isto não quer dizer, de modo algum, que seja verdade, como afirma a Igreja Católica como dogma de fé, que os sacramentos tenham sido instituídos pelo próprio Cristo, nem que sejam precisamente esses sete.
Por exemplo, num dos seus escritos, Agostinho de Hipona (354-430), reconhece que na Igreja do seu tempo existiam apenas dois sacramentos:
“Pois o mesmo Senhor e os ensinamentos dos apóstolos transmitiram-nos não mais uma multidão de sinais, mas um número bem reduzido. São fáceis de serem celebrados, de excepcional sublimidade a serem compreendidos, e a serem realizados com grande simplicidade. Tais são: o sacramento do batismo e a celebração do corpo e sangue do Senhor” (Da doutrina cristã, III, 9).
Nas Igrejas Ortodoxas Orientais foi somente no século XVII, através das "confissões Ortodoxas" dirigidas contra a Reforma Protestante, que o número sete foi geralmente aceite.
Apesar de catecismos e livros ortodoxos contemporâneos afirmarem todos que a Igreja reconhece sete sacramentos, na Igreja Ortodoxa o limite do número de sacramentos não é um dogma de fé. Na verdade, nenhum concílio reconhecido pela Igreja Ortodoxa alguma vez definiu o número de sacramentos. A isto não deve ser alheio o facto de que não há na Escritura nem na tradição patrística nada que sustente a existência de sete sacramentos.
Durante o primeiro milénio, a Igreja Cristã desconheceu a existência de sete sacramentos.
Notas
[1] Pedro Lombardo incluiu a penitência entre os sete sacramentos, mas não havia acordo geral sobre a necessidade da confissão sacerdotal: no século XII, por exemplo, a escola de Pedro Abelardo rejeitou a sua necessidade, enquanto a escola dos Vitorinos insistiu nela. Foi apenas no IV Concílio de Latrão (1215) que a "penitência" tornou-se oficialmente um "sacramento". Este concílio estabeleceu uma obrigação para os crentes de confessarem os seus pecados ao seu sacerdote anualmente.
Nas Igrejas Ortodoxas Orientais foi somente no século XVII, através das "confissões Ortodoxas" dirigidas contra a Reforma Protestante, que o número sete foi geralmente aceite.
Apesar de catecismos e livros ortodoxos contemporâneos afirmarem todos que a Igreja reconhece sete sacramentos, na Igreja Ortodoxa o limite do número de sacramentos não é um dogma de fé. Na verdade, nenhum concílio reconhecido pela Igreja Ortodoxa alguma vez definiu o número de sacramentos. A isto não deve ser alheio o facto de que não há na Escritura nem na tradição patrística nada que sustente a existência de sete sacramentos.
Durante o primeiro milénio, a Igreja Cristã desconheceu a existência de sete sacramentos.
Notas
[1] Pedro Lombardo incluiu a penitência entre os sete sacramentos, mas não havia acordo geral sobre a necessidade da confissão sacerdotal: no século XII, por exemplo, a escola de Pedro Abelardo rejeitou a sua necessidade, enquanto a escola dos Vitorinos insistiu nela. Foi apenas no IV Concílio de Latrão (1215) que a "penitência" tornou-se oficialmente um "sacramento". Este concílio estabeleceu uma obrigação para os crentes de confessarem os seus pecados ao seu sacerdote anualmente.